RODRIGO GALLO - JORNAL DA TARDE
Evitar financiamentos longos e, se puder, comprar tudo à vista. Essas são as recomendações dos economistas para os consumidores nos próximos meses, apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter dito ontem que, mesmo com a crise internacional da economia, o brasileiro poderá "comprar de tudo neste Natal, pois o país não será afetado pelo problema".
Mesmo com as facilidades para se comprar um automóvel, como juros baixos e prazos mais longos, o carro deve ser adquirido preferencialmente à vista ou, se realmente necessário, em no máximo seis prestações, para não comprometer uma parte da renda por muito tempo, de acordo com os especialistas.
O economista Luís Carlos Ewald, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro, é enfático e orienta os consumidores a evitar compras a prazo a todo custo, ainda mais em momentos de crise econômica - principalmente se o negócio envolver a aquisição de um bem de valor alto, como um veículo, por exemplo.
Para Ewald, quem mora perto de estações do metrô ou trem e de terminais de ônibus deve deixar o carro de lado por conta dos preços elevados de estacionamento e combustível. A saída mais barata é utilizar o transporte público.
"Essa seria uma solução radical para lidar com o problema da crise econômica: deixar de financiar o automóvel é, certamente, uma forma de não comprometer o salário com o pagamento das prestações mensais", diz o economista.
De qualquer forma, quem realmente quiser trocar o carro deve juntar o máximo possível de dinheiro para pagar à vista ou, pelo menos, dar uma entrada maior. Com a chegada do fim do ano, uma das alternativas é utilizar o 13º salário,cuja primeira parcela deve ser depositada em novembro.
Já o economista William Eid Júnior é mais enfático. "Não é hora de fazer dívidas, e sim de guardar reservas", disse. A questão é que entrar em um financiamento em momento de crise, como o atual, é algo bastante temerário por conta das incertezas do mercado.