Compra de carne moída exige cuidado

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Por crespoangela
Atualização:

Texto de Maíra Teixeira

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Atenção à carne moída que você coloca no seu prato. O produto de 27 estabelecimentos comerciais (supermercados e açougues) da Capital foram reprovados. Os principais problemas encontrados pelo Idec, que fez a análise no começo de maio, foram o alto índice de coliformes fecais e maior proporção de gordura e outras substâncias do que a permitida.

Com o resultado do levantamento o órgão faz um alerta: "Não compre carne moída. O que o consumidor deve fazer é escolher o pedaço de carne e pedir para moer na hora. Assim, não há risco de o açougueiro colocar cartilagem, gordura e sebo para fazer a carne 'pesar' mais. Nesse caso, leva-se outras coisas além da carne, mas o preço pago é da carne ", destaca Marilena Lazzarini, coordenadora institucional do Idec.

Segundo Marilena, as autoridades vigilantes são omissas. "A vigilância sanitária tem de tomar uma providência imediata na comercialização da carne moída." Ela destaca que a legislação que especifica os procedimentos de venda, manuseio e armazenamento do produto é confusa. "Há um decreto estadual que proíbe a venda de carne moída. A maneira como os estabelecimentos analisados estão vendendo o produto traz riscos à saúde da população."

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Maria de Lourdes Blassioli, assistente técnica da gerência de produtos e serviços de interesse à saúde da Vigilância Sanitária municipal, rebate. "Não há omissão. Outras leis nacionais, estaduais e municipais foram regulamentadas e esse decreto estadual caiu em desuso", explica. No entanto, ela destaca a importância dessas análises. "Vamos continuar esse trabalho de fiscalização e queremos já na próxima segunda-feira, dia 22 de maio, voltar a todos os locais analisados e verificar as condições da venda. Caso sejam constatadas irregularidades a empresa pode ser autuada, ter o produto inutilizado e multada. Os valores da multa variam de acordo com o grau da infração e a reincidência. "

Recomendações do Idec

A técnica da Vigilância também dá dicas."O consumidor pode verificar a qualidade da carne na hora de escolher o produto. Primeiro, ela deve sempre que estar refrigerada e sem líquido dentro da embalagem. Dá para saber que a carne está ruim se ela apresentar forte odor e a cor diferente do característico vermelho."

Já o Idec faz as seguintes recomendações. Na hora da compra, verificar as condições de higiene do local; se possível, as condições de saúde e possíveis ações do manipulador que possam gerar riscos à saúde. Equipamentos, utensílios e uniformes sujos, ferimentos nas mãos, cabeças descobertas, excesso de conversa entre manipuladores e atendentes, presença de animais no estabelecimento, geladeiras e expositores com temperaturas acima de 5ºC podem ser alguns itens de fácil observação.

Mesmo se a carne for moída na hora da compra, congelar ou utilizar imediatamente, interrompendo o processo de proliferação de microrganismos patogênicos no produto;

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Dar preferência à conservação em freezer ou congelador; Não realizar a compra de produtos de origem animal em estabelecimentos com suspeita de comercializar produtos sem a devida fiscalização (SIF ou SISP).

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Denuncie

Na Capital existem cerca de 70 mil estabelecimentos que comercializam alimentos. Eles são fiscalizados por 28 equipes da Vigilância Sanitária. "O consumidor que verificar má condição de armazenamento deve denunciar porque a Vigilância precisa desses 'fiscais'." O telefone para denunciar problemas relativos a alimentos são: (11) 3350-6624 ou 3350-6628.

Estabelecimentos que tiveram o produto analisado Frigorífico Cantareira Porco Feliz Comércio de Carnes Casa de Carnes Bif-Mole Casa de Carnes Boi no Laço Casa de Carnes Boi 2000 Casa de Carnes Boi da Sé Central de Carnes Bela Vista Center Carnes Flor do Campo Ibitirama Comércio de Carnes Frigo Luz Wal-Mart - Pacaembu Casa de Carnes Nova Parisiene Casa de Carnes Trem das Onze Shopping Renascer Comércio de Carnes Center Carnes Jóia do Tucuruvi Carrefour - Limão Entreposto de Carnes Novo Pantanal Sonda - Francisco Matarazzo Tortula Varejo de Alimentos Casa de Carnes Inácia Hortifruti Pavão de Ouro Mercearia Mercadão de Carnes Jabaquara Casa de Carnes Boi do Jabaquara Casa de Carnes Lontra Central Carnes Nova Santa Catarina Bufalo Grill Boi Chic Alimentos Extra - Anhangüera>

Resposta das empresas

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O Sonda supermercado informou que segue rigorosamente o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Carne Moída de Bovino anexo à Instrução Normativa Nº 83 de 12 de novembro de 2003 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (uma norma Federal) em que a carne é moída a uma temperatura ambiente de 10ºC, não ultrapassando a temperatura de 7ºC em seu interior, e por fim ela é armazenada a uma temperatura de 4ºC em câmara frigorífica ou no expositor para venda. A empresa acrescenta que reafirma o compromisso com a saúde pública, garantindo que a manipulação de seus alimentos segue procedimentos em acordo com a legislação sanitária vigente e, sob supervisão de uma equipe de médicos veterinários especialistas em alimentos.

O Carrefour afirma que "a gerência do departamento de segurança alimentar da empresa informa que os resultados das análises realizadas pelo Idec são absolutamente diferentes das conclusões obtidas nos testes microbiológicos elaborados cotidianamente pelo Controle de Qualidade da empresa. A empresa estranha o fato de o Idec não ter convidado a segurança alimentar do Carrefour para acompanhar os procedimentos que resultaram no laudo final. "Se isso tivesse ocorrido, certamente a empresa teria insistido na necessidade de uma contraprova - fundamental, como se sabe, para se chegar a conclusões quanto à qualidade dos alimentos".

O Wal-Mart esclarece que para assegurar a qualidade e o frescor dos produtos que oferece segue todos os padrões exigidos pelos órgãos públicos, inclusive pelo SISP, que mensalmente exige análise microbiológica e de gordura adiposa para comercialização de carne pré-moída. "Informamos ainda que todas as lojas possuem uma equipe de funcionários especializados, treinados periodicamente dentro dos padrões de segurança alimentar da empresa."

A Casa de Carnes Bela Vista informou que a carne moída vendida no locla é composta de retalhos de várias peças de bois e isso é infomado na prateleira. Quanto ao resultado da análise que avalia o produto como insatisfatório, a empresa destaca que os testes feitos ultrapassaram os 60 dias da validade da carne coletada, portanto, logicamente o resultado seria esse.

A Casa de Carnes Bif-Mole afirma que tomou medidas corretivas no sentido de atender satisfatoriamente os clientes. A empresa destaca que teve a recente avaliação do Instituto Adolfo Lutz, que assegurou a qualidade do produto.>

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