Cadastro Positivo ainda não tem efeito

do Jornal da Tarde

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Por Marcelo Moreira
Atualização:

O Cadastro Positivo - banco de dados que reúne as informações dos bons pagadores - está em funcionamento há pouco mais de um mês, mas, além de ter poucos cadastros, ainda não surtiu efeito no bolso do consumidor.

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Esse banco de dados foi implementado com a promessa de que os bons pagadores teriam acesso ao crédito e financiamentos com custo inferior ao dos consumidores que não estivessem na listagem. Até agora isso não ocorreu.

Para alguns especialistas, a mudança do cenário é questão de tempo. "Creio que depois de um ano da implementação a redução dos custos ocorra", avalia Luiz Carlos do Nascimento, diretor-presidente da financeira Sorocred. Para ele, o procedimento de cadastramento ainda é muito burocrático, mas tende a melhorar.

Os institutos de defesa do consumidor, por sua vez, já eram contrários ao cadastro antes mesmo de sua entrada em vigor e não acreditam que esse seja o melhor método para a redução dos juros.

Para esses órgãos, o fato de haver a divulgação das informações sobre o consumidor - mesmo que isso não possa ser feito sem autorização - não está correto. "A medida não regulamenta como as informações serão coletadas e por isso poderá haver invasão de privacidade", avalia Maria Elisa Novais, gerente jurídica do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).

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Ela diz também que alguns pontos do cadastro ainda precisam de uma regulamentação mais rígida. Maria Elisa sugere, por exemplo, a criação de um órgão para supervisionar o banco de dados, como ocorre em outros países. "É preciso uma lei genérica de proteção de dados que tenha por base princípios de segurança, transparência e clara definição sobre a finalidade de uso dos dados."

Hoje, os bancos e lojas que concedem crédito usam o cadastro negativo, que é a lista de maus pagadores. Quem tem nome sujo não consegue parcelar as compras ou pegar dinheiro emprestado. "A atual configuração das informações de crédito, baseada nos dados negativos, não é mais suficiente para apoiar uma boa decisão de crédito", diz estudo da Serasa Experian divulgado na semana passada.

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