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Fonte de 'Panama Papers' se diz disposta a colaborar com autoridades

Em manifesto, John Doe critica governos e afirma querer que responsáveis pelos crimes sejam punidos

Por Daniel Bramatti , José Roberto de Toledo e Guilherme Duarte
Atualização:

SÃO PAULO- A fonte anônima responsável pelo vazamento de 11,5 milhões de documentos da empresa panamenha Mossack Fonseca, especializada na abertura de empresas de fachada, divulgou um manifesto no qual se mostra disposta a colaborar com as autoridades para que os responsáveis por crimes sejam punidos.

A fonte, que segue se identificando sob o pseudônimo de "John Doe" (o equivalente a "João Ninguém" em inglês), entregou os documentos ao jornal alemão Süddeutsche Zeitung em 2015. A partir daí, o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) organizou uma rede internacional de repórteres e editores para a análise do material, que resultou na série de reportagens conhecida como Panama Papers. No Brasil, participaram da investigação o UOL, o Estado e a Rede TV!.

Ramón Fonseca Mora, ex-ministro-conselheiro do presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, e Jurgen Mossack, foram levados da sede do Ministério Públicopara as celas da polícia Foto: Reuters

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A iniciativa da fonte é importante porque muitos governos manifestaram intenção de investigar os documentos do Panama Papers, algo que só poderão fazer quando tiverem acesso aos mesmos. O ICIJ decidiu não entregar os documentos a governos, por considerar que isso poderia violar o sigilo de sua fonte.

No manifesto, "John Doe" critica as elites e governos que alimentam e permitem o funcionamento dos paraísos fiscais que escondem dinheiro proveniente de sonegação e outros crimes.

"Eu decidi expor a Mossack Fonseca por crer que seus fundadores, funcionários e clientes devem ter de responder por seus papeis nestes crimes, dos quais apenas alguns vieram à luz até o momento. Vai levar anos, possivelmente décadas, até que toda a extensão dos atos sórdidos da empresa se torne conhecida.

Segundo "John Doe", outros órgãos de imprensa receberam os documentos antes do Süddeutsche Zeitung, mas decidiram não publicá-los. Ele revelou também ter denunciado o caso para a organização Wikileaks, sem ter recebido resposta de seus representantes.  

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