Votação do relatório sobre medidas anticorrupção é novamente adiada

Presidente da comissão especial que discute o tema na Câmara, Joaquim Passarinho (PSD-PA) afirmou não querer 'apressar' a sessão no plenário, que deve ocorrer na próxima terça-feira, 22

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Por Isadora Peron e Igor Gadelha
Atualização:

BRASÍLIA - Alegando falta de quórum, o presidente da comissão da Câmara que analisa o projeto de lei com medidas contra a corrupção, Joaquim Passarinho (PSD-PA), cancelou a reunião que discutiria o relatório final do pacote proposto pelo Ministério Público Federal. Uma nova tentativa para votar o parecer foi agendada para a próxima terça-feira, 22.

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A decisão foi anunciada por volta das 10h30 desta quinta-feira, 17, quando faltava apenas um deputado para completar o número necessário para dar início à reunião. Quinze dos 30 titulares do colegiado haviam marcado presença. "A maioria da comissão está mostrando que não quer discutir esse assunto hoje", disse Passarinho.

Mais cedo, o deputado já havia afirmado que não tinha pressa para colocar em votação o relatório e que a discussão poderia ficar para a próxima semana. Segundo ele, depois do trabalho que o colegiado teve, não poderia haver risco de o documento ser reprovado. Marcada inicialmente para quarta-feira, 16, a votação já tinha sido adiada para o dia seguinte após pressão de deputados de diversos partidos para que o relator, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), fizesse alterações no texto.

Deputado Onyx Lorenzoni (DEM - RS) durante reunião da comissão especial que analisa medidas anticorrupção Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Judiciário. Além de tentarem articular uma maneira de anistiar a prática do caixa dois, líderes partidários trabalham para que Lorenzoni volte atrás e mantenha no relatório final a proposta de endurecer as regras de punição a juízes, procuradores e promotores que cometerem crimes.

Ao chegar à comissão, o relator do pacote afirmou que, por enquanto, o crime de responsabilidade continua fora de seu parecer. Ele, no entanto, admitiu que está negociando com líderes partidários e com o MP uma nova redação sobre o assunto. Lorenzoni disse ter "esperança" de construir um texto em que o "interesse público esteja acima de qualquer outro interesse".

O crime de responsabilidade para magistrados e membros do MP não constava no pacote anticorrupção original enviado ao Congresso, mas foi incluído por Lorenzoni em seu parecer. Após conversa nessa semana com integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato, porém, o relator desistiu da medida, o que irritou outros deputados.

Na quarta-feira, 16, os deputados Fausto Pinato (PP-SP) e Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) apresentaram parecer alternativo ao de Lorenzoni (DEM-RS), em que propõem a inclusão de juízes, desembargadores e todos os integrantes do MP na lei que rege crimes de responsabilidade (número 1.079, de 1950).

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Segundo informações do Broadcast Político, serviço de envio de notícias em tempo real do Grupo Estado, deputados já articulam dobradinha com senadores para incluir a previsão de crime de responsabilidade para juízes e todos os membros do MP no projeto de lei de abuso de autoridade, caso não consigam aprovar o trecho no pacote de medidas anticorrupção. 

Lorenzoni também voltou a reiterar que não vai mexer no trecho de seu parecer que trata da tipificação do crime de caixa para incluir anistia explícita a quem cometeu o crime antes da aprovação do pacote. Com isso, deputados articulam apresentação de emendas no plenário para deixar claro que a pena não poderá ser retroativa.

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