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Um bom exemplo

A 17.ª Bienal Panamericana de Arquitetura de Quito, Equador, classificou em primeiro e terceiro lugares dois projetos de reurbanização desenvolvidos na cidade de São Paulo. O arrojado programa colocado em prática pela Prefeitura, Estado e União em Paraisópolis, a segunda maior favela da capital, com 60 mil habitantes, foi o grande vencedor na categoria Habitat Social y Desarollo Urbano, única modalidade internacional do evento. O projeto desenvolvido no Complexo Cantinho do Céu, no Grajaú, zona sul da cidade, pela Secretaria Municipal da Habitação em parceria com o governo do Estado e a Sabesp, ficou em terceiro lugar na mesma categoria. A Bienal reconheceu as iniciativas como as mais relevantes para a eliminação da pobreza urbana e inadequação habitacional promovidas por cidades da América Latina.

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Por AE
Atualização:

 

Em Paraisópolis, imensa favela de 19 mil domicílios, situada ao lado do bairro nobre do Morumbi, 3,1 mil famílias serão reassentadas para eliminação de áreas de risco e a abertura de novas vias. As primeiras mil moradias estão sendo construídas e 126 delas foram entregues no início deste semestre.

 

O projeto, orçado em R$ 528,7 milhões, inclui ainda Assistência Médica Ambulatorial, uma Unidade Básica de Saúde, um Centro de Atenção Psicossocial, um Centro de Educação Infantil e um Centro Educacional Unificado, já construído.

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Também estão em andamento obras de drenagem urbana, redes de esgoto e água e pavimentação.

 

Para melhorar a circulação e o transporte público e desafogar as avenidas próximas da favela, está em construção a Via Perimetral, que segue traçado paralelo ao da Avenida Giovanni Gronchi até a Ponte João Dias, na Marginal do Pinheiros. O projeto Nova Paraisópolis faz parte do Programa de Reurbanização de Favelas da Prefeitura, com apoio do Estado e da União.

 

A segunda iniciativa premiada pela Bienal, o Complexo Cantinho do Céu, integra o Programa de Mananciais, iniciativa da Prefeitura com apoio do governo do Estado e da Sabesp. Ele foi definido pelos organizadores do evento como "projeto entre a casa e a água".

 

Ao contrário do que sugere o nome, nada merece o diminutivo naquela área ocupada às margens da Represa Billings, responsável pelo abastecimento de água de aproximadamente 4 milhões de moradores da capital. É uma concentração de submoradias habitadas por 9,8 mil famílias que ocupam mais de 1,5 milhão de metros quadrados - área equivalente à do Parque do Ibirapuera. A ocupação provoca graves danos ambientais e compromete, principalmente, a qualidade da água do manancial.

 

A reurbanização do local foi projetada para frear a degradação do reservatório e, ao mesmo tempo, assegurar a inclusão social da população e a sustentabilidade das intervenções urbanísticas. O plano custará R$ 120 milhões em obras de drenagem, esgoto, pavimentação, contenção de áreas de risco e de urbanização. A ocupação das margens da represa reunirá espaços de lazer e convivência e a conclusão dos trabalhos está prevista para 2012.

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Desde 2005, o Programa de Reurbanização de Favelas do Município de São Paulo já mudou a vida dos moradores de 12 bairros, beneficiando mais de 13,6 mil famílias. Mais de 10 mil novas moradias foram construídas no período e, embora o número ainda esteja aquém do necessário, esses projetos municipais têm recebido reconhecimento mundial.

 

O Nova Paraisópolis já havia sido destaque na Bienal de Roterdã e o Cantinho do Céu, na Bienal de Veneza, ambas realizadas este ano. Em maio, o Programa de Reurbanização de Favelas da Prefeitura de São Paulo recebeu o Prix D’Excellence Awards 2010, na categoria Infraestrutura Pública, concedido pela Fiabci, a mais importante entidade do setor imobiliário internacional ligada à ONU.

 

A cooperação dos três níveis de governo tem dado bons resultados, como se vê. Ao todo, investimentos de aproximadamente R$ 2 bilhões estão sendo realizados para o atendimento de 140 mil famílias em 110 favelas na cidade de São Paulo.

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