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Turbulência na base é especulação, afirma presidente

Em Roma, Dilma minimiza atuação de bloco na Câmara formado por aliados descontentes com governo: ‘Vamos ver o que acontece de fato’

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Foto do author Vera Rosa
Por Wilson Tosta e Vera Rosa
Atualização:

Roma (enviado especial) e Brasília - A presidente Dilma Rousseff minimizou nesta sexta-feira, 21, a movimentação da base aliada coordenada pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para a criação de um bloco parlamentar cujo objetivo seria estabelecer na Casa um novo "centrão" - grupo com maioria no Parlamento para controlar a pauta legislativa. Depois de um encontro privado de cerca de 40 minutos com o papa Francisco no Vaticano, a presidente se recusou a falar da articulação que ameaça isolar seu partido no Congresso. A iniciativa pode abrir espaço para a votação de projetos que contrariem os interesses do Palácio do Planalto, gerando novas despesas, por exemplo. "Acho que tem muito de especulação. E eu não vou, de fato, me manifestar sobre especulação. Vamos ver o que acontece de fato", declarou a presidente. O bloco dos descontentes com o governo, formado por sete partidos da base aliada na Câmara, porém, preocupa o PT e o Palácio do Planalto. Com o PMDB à frente, o grupo não esconde o mal-estar com a presidente, entoa nos bastidores o coro do "Volta Lula" e dá sinais de que vai isolar o PT e segurar votações de interesse do governo. ‘Tensão’. "Nunca ficou tão explícita a tensão entre o PMDB e o governo", resumiu o vice-presidente da Câmara, deputado André Vargas (PT-PR), que na quarta-feira reuniu petistas para um jantar em sua casa e ouviu inúmeras queixas sobre a articulação política do Planalto. "Essa crise é preocupante. Tem um matinho seco esperando alguém jogar bituca de cigarro." Para o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), não existe crise, mas, sim, turbulências no relacionamento. "Esse grupo quer apenas fortalecer seus partidos, por meio da atuação de suas bancadas", amenizou Alves. Participante de outro jantar com parlamentares, no mesmo prédio de Vargas e naquela mesma quarta-feira, Alves tem sido "escanteado" por Dilma e foi um dos idealizadores do blocão. Embora o grupo tenha sido criado por partidos da Câmara, o PMDB do Senado também tem focos de insatisfação. "Nós vivemos um momento muito importante de clamor social e está faltando eficiência em muitas áreas do governo", insistiu o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO). Na tentativa de aplacar a ira dos peemedebistas, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, já iniciou a conversa com líderes da legenda nas duas Casas. Formado inicialmente por deputados das bancadas do PMDB, PP, PSD, PR, PTB, PDT, PROS, PSC e também do oposicionista Solidariedade, o bloco já teve sua primeira defecção. Na noite de ontem, o PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab anunciou que não acompanhará essa iniciativa. Sem o PSD, o blocão reunirá 235 dos 513 deputados da Câmara. Mas a preocupação do governo é mesmo com o PMDB. Ninguém no Planalto acredita que o partido do vice-presidente Michel Temer vá romper com Dilma. O temor é com os obstáculos para a montagem dos palanques estaduais de apoio à reeleição.

 

 

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