Governistas tentaram barrar confirmação no nome de Antonio Anastasia na comissão, que é presidida pelo peemedebista Raimundo Lira
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Por Isabela Bonfim e Luísa Martins
Atualização:
BRASÍLIA - Após mais de duas horas de discussão, os senadores da comissão especial do impeachment confirmaram a indicação de Antonio Anastasia (PSDB-MG) como relator do processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff. O mineiro foi indicado pelo Bloco de Oposição, o segundo maior do Senado, mas sofreu resistência dos governistas, que questionaram a isenção de seu posicionamento, abertamente favorável ao impeachment. Eleito por acalamação no início da sessão presidente da comissão, Raimundo Lira (PMDB-PB) confirmou a votação do parecer no dia 6 de maio.
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Desde segunda-feira, 25, senadores da base apresentaram questões de ordem pedindo a substituição de Anastasia. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deixou a decisão para a comissão especial do impeachment. Como adiantou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, Lira não tinha qualquer intenção de barrar a indicação de Anastasia.
Ao chegar à reunião, o peemedebista confirmou que não havia "espaço" para discutir o nome do relator. Ele deu parecer contrário aos questionamentos levantados pelos governistas, mas permitiu que os demais senadores do colegiado votassem. Em clara minoria na comissão, os governistas foram derrotados. Apenas os quatro senadores do PT e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) votaram contra a indicação de Anastasia.
Saiba quem vai integrar a comissão do impeachment no Senado
1 / 21Saiba quem vai integrar a comissão do impeachment no Senado
Raimundo Lira (PMDB-PB) - Bloco da Maioria
Lira, que foi senador constituinte (1987-1995), já presidiu em três ocasiões a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), da qual foi um dos fundadores, e... Foto: Moreira Mariz/Agência SenadoMais
Rose de Freitas (PMDB-ES) - Bloco da Maioria
Primeira mulher a se eleger para o Senado pelo Espírito Santo, Rose de Freitas presidiu a Comissão Mista de Orçamento (CMO). Antes disso, já foi deput... Foto: Beto Barata/EstadãoMais
Simone Tebet (PMDB-MS) - Bloco da Maioria
Filha do ex-presidente do Senado Ramez Tebet, Simone foieleita deputada estadual em Mato Grosso do Sul em 2002, dois anos antes de se tornar prefeita ... Foto: DivulgaçãoMais
Waldemir Moka (PMDB-MS) - Bloco da Maioria
Filiado ao PMDB desde 1981, Waldemir foi vereador de Campo Grande entre 1982 e 1986, deputado estadual por três mandatos consecutivos e também deputad... Foto: DivulgaçãoMais
Dário Berger (PMDB-SC) - Bloco da Maioria
Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado
Antonio Anastasia (PSDB-MG) - Bloco da Oposição
Indicado pelo Bloco da Oposição para ser o relator do parecer do colegiado Foto: Fabio Motta/Estadão
Senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) Foto: André Dusek|Estadão
Gleisi Hoffmann (PT-PR) - Apoio ao Governo
Após ser nomeada diretora financeira da Itaipu Binacional em 2002, Gleisi tentou entrar no Senado Federal em 2006, mas não se elegeu. Depois de perder... Foto: Beto Barata/EstadãoMais
José Pimentel (PT-CE) - Apoio ao Governo
José Pimentel assumiu a cadeira no Senado em 2011 e, no mesmo ano, por indicação de Dilma Rousseff, se tornou o novo líder do governo no Congresso. An... Foto: Ed Ferreira/EstadãoMais
Lindbergh Farias (PT-RJ) - Apoio ao Governo
Indicado pelo ex-presidente Lula para concorrer ao Senado Federal nas eleições de 2010, Lindbergh foi eleito. Quatro anos mais tarde, concorreu ao car... Foto: Dida Sampaio/EstadãoMais
Telmário Mota (PDT-RR) - Bloco de Apoio ao governo
Senador Telmário Mota (PDT-RR) Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Romário (PSB-RJ) - Socialismo e Democracia
Um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro, Romário ingressou na vida política em 2009. Um ano mais tarde, foi eleito deputado federal... Foto: Dida Sampaio/EstadãoMais
Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) - Socialismo e Democracia
Ex-prefeito de Petrolina e deputado federal e estadual, Fernando Bezerra Coelho já se envolveu até mesmo em futebol, sendo presidente do Santa Cruz, d... Foto: Wilson Dias/ABrMais
Vanessa Grazziotin (PC do B -AM) - Bloco Socialismo e Democracia
Eleito deputado federal em seis eleições seguidas por Mato Grosso, decidiu se candidatar a senador em 2014, sendo eleito com 646.344 votos. Atualmente... Foto: DivulgaçãoMais
Zezé Perrella (PTB-MG) - Bloco Moderador
Mais um altamente envolvido com futebol. Foi quatro vezes presidente do Cruzeiro, deixando o clube em 2011. Em paralelo a isso, foi deputado estadual ... Foto: Waldemir Barreto/Agência SenadoMais
Ana Amélia (PP-RS) - Democracia Progressista
Ana Amélia decidiu se dedicar à vida política em 2010, quando se candidatou e foi eleita para o Senado Federal. Ela participa atualmente como titular ... Foto: Fernando Gomes/Agência RBSMais
José Medeiros (PSD-MT) - Democracia Progressista
Nas eleições de 2010, José Medeiros foi eleito primeiro suplente de Pedro Taques ao Senado Federal. Em 2015, assumiu a vaga de senador pelo estado do ... Foto: DivulgaçãoMais
Gladson Cameli (PP-AC) - Democracia Progressista
Gladson Cameli iniciou na vida política bastante jovem e, aos 28 anos, foi eleito deputado federal pelo Acre em 2006. Quatro anos mais tarde, foi reel... Foto: Reprodução/FacebookMais
Para o líder do governo, Humberto Costa (PT-PE), a "comissão começou mal". "Não seria adequado termos um relator do PSDB, que patrocina essa causa", disse o petista, sobre a possibilidade de afastamento da presidente Dilma. "Não é nada pessoal, temos respeito pelo senador Anastasia, mas ele não é o único senador capaz."
"Estão colocando sob suspeição o nome de Anastasia somente por ele ser do PSDB, sendo que o beneficiário direto do impeachment é o PMDB. Ou seja, é implicância pura", acusou o senador Zezé Perrella (PTB-MG). Já o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) defendeu a imparcialidade do relator e sua capacidade de mudar de posição. "Não vejo o menor problema em ter Anastasia como relator. Ele pode vir com uma posição e, ao ouvir situação, oposição e defesa, se convencer de outra", argumentou.
Diferentemente de outras reuniões do Senado, a primeira audiência do impeachment começou com ânimos acirrados. Nervosos, os senadores tiveram dificuldade de respeitar a fala uns dos outros. A discussão quanto à indicação de Anastasia se delongou e muitos senadores pediram a palavra. Não havia, entretanto, interesse de reverter a situação por parte dos demais senadores e o governo estava, claramente, derrotado desde o início da reunião.
Tema do debate, o senador Anastasia manteve a discrição. Ele não entrou na discussão para defender sua indicação e foi um dos poucos senadores a se manter em silêncio.