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Tucano diz que revelações da Odebrecht são 'estarrecedoras', mas não podem paralisar Congresso

Senador Ricardo Ferraço reafirmou o apoio da bancada tucana à pauta econômica do governo 'independente de qualquer circunstância'

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Por Julia Lindner
Atualização:
Ricardo Ferraço (PSDB-ES) Foto: André Dusek|Estadão

Brasília- O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) declarou que as notícias do primeiro acordo de delação premiada da Odebrecht são "estarrecedoras", mas não podem "paralisar" as votações do Congresso. O depoimento do ex-diretor de Relações Institucionais da empresa, Claudio Melo Filho, envolve membros da alta cúpula do governo, incluindo o presidente Michel Temer e os seus ministros mais próximos. Ferraço reafirmou o apoio da bancada tucana à pauta econômica do governo "independente de qualquer circunstância".

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Ferraço considera que as denúncias contra o governo não vão "contaminar" a pauta de votações no Legislativo, pois "são coisas distintas". Para ele, as investigações são do campo político-jurídico, e não devem ser misturadas com a área econômica, que seria o caso da PEC do teto de gastos e da reforma da Previdência. "Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. A Lava Jato precisa continuar investigando e punindo, mas se não levarmos a agenda econômica adiante, não vamos conseguir equilibrar as contas públicas", disse o tucano.

Ele considera que o PSDB não vai desembarcar do governo Temer, pois não pode abandonar a responsabilidade que assumiu ao protagonizar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff para "recuperar" o Brasil. "Mais do que compromissos com o governo, temos compromissos com o País. Independente de qualquer circunstância estaremos apoiando essas reformas que são inadiáveis para a retomada econômica. O PSDB tem todo interesse em cada vez mais intensificar compromissos para levar o País ao rumo adequado e de participar ativamente do governo, dividindo e compartilhando responsabilidades."

O tucano disse que essa participação do PSDB no governo não depende do partido, e sim do presidente Michel Temer, fazendo referência ao recuo do governo na indicação do líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA), como ministro de Secretaria de Governo. Temer voltou atrás após forte reação do Centrão, grupo formado por 13 partidos médios, como PP, PR, PSD, PPS e PRB. Questionado se as legendas teriam chantageado Temer, o senador respondeu que "não há outra qualificação para esse tipo de disputa". "Não dá para você misturar a luta política com os interesses do País", criticou.

O senador Álvaro Dias (PV-PR) também avaliou que as delações da Lava Jato não podem influenciar a pauta do Congresso. "O País não pode ser paralisado em razão das delações. Imagina se a cada delação paralisarmos o País? Só da Odebrecht são 77 delatores. Então seria um desastre. Temos que votar o que deve ser votado, para garantir governabilidade. Temos apenas mais dois dias de deliberação no Congresso antes de entrar no recesso parlamentar", disse Álvaro.