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Tropa governista barra convocação de ministros

Após derrotas do Planalto, líderes evitam ida de membros da Esplanada à Câmara; em atitude inusitada, Mantega convida aliados para uma conversa

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Por Denise Madueño
Atualização:

BRASÍLIA - A tropa de choque governista entrou em campo e evitou a convocação de ministros nas comissões permanentes da Câmara. Em uma resposta à série de derrotas do governo na Casa na semana passada, na última quarta-feira, 28, os líderes e vice-líderes atuaram e comandaram as comissões. A fim de melhorar o relacionamento do governo com a base e evitar surpresas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, recebeu os líderes aliados em um café da manhã. Considerado um ministro frio e avesso a políticos, Mantega deixou aliados preocupados e curiosos quando receberam o convite, em um papel cartão branco dentro de um envelope com a marca do ministério, sem referência nenhuma ao tema do encontro. O café da manhã foi marcado para as 9 h e solicitava, apenas, a confirmação da presença do parlamentar."Não sei o que aconteceu com o ministro. Talvez ele tenha tomado um susto", disse um aliado, que pediu para não ter o nome citado, revelando a pouca intimidade de Mantega com o Congresso. "Foi o reflexo da crise. E o ministro, de forma hábil, decidiu tomar a iniciativa de aproximação. Todos nós achamos isso importante", avaliou o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), fazendo coro aos líderes que consideraram "positivo" o encontro com o ministro. Os elogios à iniciativa não evitaram, no entanto, a constatação de líderes de que Mantega agiu desconectado com o que acontece na Câmara. O encontro foi marcado no dia e na hora em que as comissões permanentes estavam reunidas e com uma lista de requerimentos de convocação na pauta. O café com Mantega ocorreu também no momento da reunião da coordenação política no Palácio do Planalto e no horário da reunião para discutir o texto da Lei Geral da Copa, com votação marcada para a noite. Prontidão. Com a tropa de choque de prontidão, ontem, a oposição não conseguiu aprovar nenhum requerimento de convocação de ministros. "A crise viajou e o trator funcionou hoje (quarta-feira)", constatou o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), ao ter seus requerimentos rejeitados na Comissão de Fiscalização e Controle. Na semana passada, em meio à falta de controle do governo sobre a base, os deputados aprovaram a convocação da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para uma audiência pública na Comissão de Trabalho. Em uma vitória acachapante, os aliados derrotaram por 11 votos a 2o convite para que a presidente da Petrobrás, Graça Foster, e o ex-titular Sérgio Gabrielli fossem explicar aos deputados contratos suspeitos da estatal com organizações não governamentais. "Fizeram uma bela proteção", afirmou Macris. Para evitar novas derrotas, a oposição retirou outros requerimentos da pauta. Na comissão de Finanças e Tributação, foram derrotados requerimentos de convite à ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, ao presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, ao presidente da CaixaPar, Márcio Percival, e para a ex-presidente da Caixa Maria Fernanda Coelho.

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