Tripoli diz que PSDB cogita apoiar fundo eleitoral, se empresa não puder voltar a doar

Levantamento do Estado mostra que, dos 11 integrantes do STF, seis são contrários à volta do financiamento por pessoas jurídicas

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Por Julia Lindner
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BRASÍLIA - O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), afirmou nesta sexta-feira, 25, que discussões sobre possíveis fundos públicos de campanha ocorrem "em função do Judiciário" se manifestar contra a volta da doação empresarial. Ele justifica que a incerteza jurídica fez com que os tucanos levassem em conta outras propostas, como a do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), que acaba com programas partidários. "Vamos discutir essa questão (proposta do senador Caiado) e levar em consideração, não é bem fechar questão. Isso tudo em função do Judiciário não permitir financiamento privado, então precisamos buscar uma alternativa", disse.

O deputado federal Ricardo Tripoli (SP),líder do PSDB na Câmara Foto: Dida Sampaio/Estadão

Levantamento feito pelo Estado mostra que, dos 11 integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), pelo menos seis são contrários ao financiamento feito por pessoas jurídicas. Em 2015, o Tribunal julgou inconstitucional esse modelo de doação e hoje manteria o mesmo entendimento, caso fosse provocado. "Vai depender do Judiciário, não tem uma posição (no partido sobre financiamento de campanha)", destacou. Questionado sobre a influência dos ministros da Corte na decisão do Congresso Nacional, que discute a reforma Política, Tripoli desconversou e disse esperar que "se encontre uma forma de que as pessoas possam ser representadas nas eleições". Ontem, o presidente licenciado do PSDB, senador Aécio Neves (MG), anunciou que o partido fechou questão em torno da proposta de fundo público apresentada por Caiado. Aécio explicou que a decisão leva em conta o fato de não haver tempo hábil para se formular uma nova proposta para a volta das doações privadas. Pelo texto de Caiado, fica estabelecido que os recursos do fundo eleitoral viriam do dinheiro que o governo repassa a emissoras de rádio e televisão por transmitirem os programas eleitorais e de multas aplicadas às legendas. Desta forma, os programas seriam exibidos apenas na TV e rádio públicas, a menos que as legendas comprem espaço nos veículos privados de comunicação.