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Transposição pode ser suspensa para realização de debates

Representantes do governo e da CNBB dizem que pode haver acordo em 6 das 8 condições de dom Cappio

Por Agência Brasil
Atualização:

Depois de três horas de reunião para discutir a transposição do Rio São Francisco e a greve de fome do bispo de Barra (BA) dom Luiz Cappio, representantes do governo federal e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) chegaram a uma proposta intermediária que será levada para o Palácio do Planalto e para o religioso. Um dos pontos prevê a paralisação das obras de transposição por dois meses.   Veja também:  Entenda o projeto de transposição do Rio São Francisco   Enquete: governo deve negociar com o bispo?   Fórum: você acha que o jejum do bispo vai parar as obras?  Blog do Guterman: 'Jejum faz até Deus mudar de opinião', diz Altemeyer Bispo faz 8 exigências ao governo para encerrar greve de fome   "Uma das propostas que surgiram na reunião e serão levadas para os dois lados é a paralisação dos trabalhos por dois meses e a realização de debates públicos nesse período para explicar melhor para a população o que significa a obra do São Francisco", explicou o chefe de Gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho.   Em uma entrevista coletiva após o encontro, que terminou por volta da 0 hora desta quarta-feira, 19, os representantes do governo e da CNBB explicaram que há possibilidade de acordo em seis das oito condições listadas por dom Cappio em documento para o fim da greve de fome.   Entre os pontos de convergência, estão a implementação das medidas previstas pela Agência Nacional de Águas (ANA) para equilibrar o abastecimento hídrico no Nordeste e a elaboração de um plano de desenvolvimento socioambiental sustentável para todo o semi-árido brasileiro.   Os dois pontos em que não houve acordo são a suspensão por tempo indeterminado das obras de transposição, com a retirada imediata das tropas do Exército, e a redução de 28 para 9 metros cúbicos por segundo do volume de água desviado para o oeste de Pernambuco e a Paraíba, áreas com maior carência de água.   Representante da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no encontro, Roberto Malvezi afirmou que a entidade levará a proposta aos movimentos sociais, mas não quis adiantar nenhuma posição. "O que a gente se comprometeu foi buscar o esforço máximo para se encontrar uma saída", explicou.   O secretário-geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, elogiou o caráter técnico do encontro e afirmou que as discussões continuarão, independentemente da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a liminar do Tribunal Regional Federal da (TRF) 1ª Região que suspendeu as obras de transposição no último dia 11. "Gostei do encontro. Foi a primeira reunião mais técnica", ressaltou.   Dom Dimas alegou ainda que a greve de fome de dom Cappio não significa um gesto contra a população do interior do Nordeste que sofre com a seca. "É importante esclarecer que dom Cappio não é contra que a água chegue à população. Nossa prioridade é o ser humano. Está bem claro que os oito pontos levantados por dom Cappio têm como foco a melhoria da vida na região", rebateu.   A reunião, na sede nacional da CNBB em Brasília, começou às 21 horas de terça-feira, 18, com a chegada de Gilberto Carvalho. Por volta das 21h30, chegaram dois representantes do Ministério da Integração Nacional com dados técnicos sobre o Rio São Francisco e o projeto de transposição.

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