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Supremo homologa delação de Delcídio que cita Lula, Dilma, Aécio e cúpula do PMDB

O ex-líder do governo firmou o acordo com a Procuradoria-Geral da República para colaborar com as investigações e fez acusações contra a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula, o senador do PSDB Aécio Neves e integrantes do PMDB

Por Isadora Peron e Gustavo Aguiar
Atualização:
Teori Zavascki não aceitou pedido da Procuradoria Foto: Dida Sampaio|Estadão

Brasília - O ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), homologou nesta segunda-feira, 14, a delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS).

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O ex-líder do governo firmou o acordo com a Procuradoria-Geral da República para colaborar com as investigações e fez acusações contra a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Delcídio deixou a prisão em 19 de fevereiro, após ter ficado quase três meses na cadeia acusado de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato. Parte do conteúdo da deleção, mantida em sigilo, foi revelada pela revista IstoÉ no último dia 3. 

À PGR, o senador petista acusou Dilma de interferir no Judiciário para tentar barrar as investigações do esquema de corrupção que atuava na Petrobrás. Segundo ele, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Marcelo Navarro foi nomeado após ter se comprometido a votar pela soltura de empreiteiros presos Lava Jato.   Na delação, Delcídio também afirma Dilma sabia do superfaturamento na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Na época, a petista era presidente do Conselho de Administração da Petrobrás.   Sobre Lula, o senador disse que partiu do ex-presidente a ordem para que ele tentasse convencer o ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró, preso na Lava Jato, a não implicar José Carlos Bumlai numa eventual delação premiada. Delcídio foi preso ao ser gravado pelo filho de Cerveró prometendo atuar junto a ministros para interferir na Lava Jato.   No acordo, o ex-líder do governo no Senado também cita irregularidades envolvendo parte da bancada do PMDB na Casa, além de representantes da oposição, como o senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG).

No caso dos peemedebistas, os nomes mencionados foram do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e de seu grupo mais próximo formado pelos senadores Romero Jucá (RR), Edison Lobão (MA), Jader Barbalho (PA), Eunício Oliveira (CE) e Valdir Raupp (RO).

Belo Monte. O senador petista também apontou ao MPF um esquema de desvio de dinheiro nas obras da Usina de Belo Monte que teria sido encabeçado pelos ex-ministros Erenice Guerra (Casa Civil), Antônio Palocci (Fazenda) e Silas Rondeau (Minas e Energia). O esquema teria servido para pagar gastos de campanhas eleitorais do PT e do PMDB.

Delcídio teria informado em depoimento que, durante campanha eleitoral de 2014, o atual ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, “esquentou” doações provenientes da indústria farmacêutica com notas frias e o orientou a fazer o mesmo para saldar R$ 1 milhão de dívida de sua campanha. Edinho foi tesoureiro da campanha de Dilma no último pleito.

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Em nota, a defesa do senador afirmou, no entanto, que as informações sobre o esquema em Belo Monte não são verdadeiras.

Outro lado. Quando os trechos da delação vieram à tona, todos os políticos citados rechaçaram as acusações. A presidente Dilma reafirmou sua versão sobre a compra de Pasadena e disse que a delação do senador foi motivada por sentimento de vingança.  Em vídeo no Facebook, Aécio afirmou que o escândalo de corrupção na Petrobrás tem o "DNA do PT" e que a possível menção a seu nome é "mais uma tentativa de vincular a oposição na Operação Lava Jato". Ele afirmou que outras tentativas foram arquivadas, pois foram "desmascaradas". "Nada disso me intimida", disse.