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Teori manda para Moro procedimentos contra membros do governo Dilma na Lava Jato

No pacote, há citações de delatores sobre ex-ministros e autoridades que integravam gestão da presidente afastada

Por Gustavo Aguiar e Isadora Peron
Atualização:

BRASÍLIA - O relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Teori Zavascki, mandou nesta segunda-feira, 13, uma série de procedimentos envolvendo ex-ministros e autoridades que compunham o governo da presidente afastada Dilma Rousseff para o juiz Sérgio Moro, que conduz as investigações na 13.ª Vara de Curitiba.

O ministro do STF Teori Zavascki Foto: Dida Sampaio | Estadão

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No pacote, há um inquérito contra Edinho Silva, ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo petista. O procedimento, aberto no ano passado na Corte, apura se ele recebeu R$ 7,5 milhões de propina da UTC Engenharia para a campanha da petista em 2014. A investigação tem como base a delação do dono da empreiteira, Ricardo Pessoa.

 Ainda há quatro citações, feitas pelo ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró, e que ainda não haviam ensejado inquéritos no STF. Elas envolvem os ex-ministros Jaques Wagner e Ideli Salvatti; o ex-líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (sem partido-MS); e o ex-presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli.

Em duas das citações, Cerveró relatou ao Ministério Público Federal que Gabrielli repassou um “grande aporte de recursos” para a campanha de Wagner em 2006 para o governo do Estado da Bahia. Nessa época, segundo as investigações, o ex-presidente da estatal realocou a parte operacional do setor financeiro da empresa do Rio para Salvador sem qualquer justificativa.

Em outro termo da delação, o ex-diretor da estatal relata que afirmou que Delcídio recebeu propina de US$ 10 milhões da empresa Alstom entre 1999 e 2001, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O pagamento da propina aconteceu na compra de turbinas para uma termoelétrica que seria instalada no Rio de Janeiro.

Além disso, Cerveró também afirmou que Ideli participou de um almoço em Brasília para tratar da renegociação de uma dívida de cerca de R$ 90 milhões da Transportes Dalçoquio com a BR Distribuidora, braço da estatal. Cerveró não apontou o ano do encontro, mas disse que "imagina que a ministra Ideli e outros políticos" receberam propina pelo negócio.

Nas mãos de Moro, os cinco procedimentos deverão ser enviados ao Ministério Público do Estado do Paraná antes que o juiz decida sobre seu prosseguimento na 13.ª Vara de Curitiba. O órgão deverá dizer se as citações de Cerveró são ou não suficientes para ensejar novas investigações; já o inquérito contra Edinho Silva deverá seguir sua tramitação.

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Defesas. Na época em que o teor da delação de Cerveró foi revelado, os ex-ministros Ideli Salvatti e Jaques Wagner disseram que estavam à disposição do Ministério Público e negaram as acusações. Sérgio Gabrielli também desmentiu o delator e disse não saber de nenhum uso indevido de recursos da Petrobrás na campanha de Wagner.

Em nota enviada nesta segunda-feira, o ex-ministro Edinho Silva afirmou ser favorável à apuração dos fatos e afirma que sempre agiu “de maneira ética, correta e dentro da legalidade”. “Jamais pressionei empresários por doações eleitorais. As doações para a campanha de Dilma Rousseff em 2014 estão todas declaradas ao TSE. As contas da campanha foram todas aprovadas por unanimidade pelos ministros do TSE.” 

A defesa de Delcídio não foi localizada pela reportagem para comentar a decisão de Teori.