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Temer nega saída do PMDB do governo e diz que País vive 'normalidade democrática'

Ao comentar a derrota governista na formação da comissão que analisará o afastamento de Dilma, vice disse que a eleição do colegiado foi feita no exercício legítimo da competência da Câmara dos Deputados

Por Carla Araujo e Isadora Peron
Atualização:
O vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) Foto: Dida Sampaio|Estadão

Brasília - Em sua primeira declaração pública após a instalação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer afirmou que as instituições estão funcionando e que "o País vive uma normalidade democrática extraordinária". Ele evitou comentar a relação com a presidente, confirmou um encontro entre os dois agendado para esta quarta-feira, 9, e negou que o PMDB vai desembarcar do governo. Ao comentar a derrota governista na formação da comissão que analisará o afastamento de Dilma, Temer disse que a eleição do colegiado foi feita no exercício legítimo da competência da Câmara dos Deputados. Ele afirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) também atuou dentro das suas atribuições ao suspender a formação do grupo. "Isso revela exatamente que nós vivemos num regime de uma normalidade democrática extraordinária. As instituições estão funcionando, devemos preservar aquilo que as instituições estão fazendo. E revelar com isso a democracia pela do País", afirmou o peemedebista.

Temer fez uma breve declaração à imprensa ao deixar o seu gabinete na vice-presidência e não comentou a respeito de sua relação com a presidente Dilma, arranhada após o vice enviar uma carta na qual ele se queixava da falta de confiança e de ter um papel decorativo no governo. Ele apenas confirmou que haverá um encontro entre os dois na noite desta quarta. Ao sair, Temer fez um gesto negativo ao ser questionado se o PMDB romperia com o governo. Nesta quarta, o partido  substituiu o líder da bancada Leonardo Picciani (RJ), aliado de Dilma, pelo deputado Leonardo Quinta (MG), ligado ao grupo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ). Na terça-feira, o governo atribuiu a derrota no primeiro teste do impeachment à atuação do vice, que é presidente do PMDB. Na avaliação do Palácio do Planalto, o clima de rebelião na Câmara piorou com o vazamento da carta escrita por Temer à presidente. O gesto de Temer teria funcionado como um gatilho para que alas do PMDB e de outros partidos da base aliada se rebelassem contra Dilma.  Deputados elegeram na terça-feira a chapa organizada por partidos da oposição e dissidentes do PMDB para a comissão especial que vai elaborar parecer sobre o processo de impeachment da presidente Dilma na Casa. Intitulada "Unindo o Brasil", a chapa foi eleita por 272 votos a 199 votos, em uma votação marcada por confusão e tentativa de obstrução de governistas. A eleição representou uma derrota para o governo, que apoiava a chapa organizadas por governistas e terá minoria na comissão. Logo depois, entretanto, o ministro Luiz Edson Fachin, suspendeu a instalação da comissão especial. Com a decisão e o impedimento dos trabalhos do colegiado, o ministro do STF suspende todo o andamento do impeachment - incluindo prazos que estiverem correndo, como o da defesa da presidente. A suspensão é mantida até análise do plenário do STF sobre o caso, que está marcada para ocorrer na próxima quarta-feira, dia 16. Na ocasião, caberá à Corte analisar se os atos que já foram praticados - como a votação da chapa - são ou não válidos. Até então, o que já foi feito continua preservado. 

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