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Temer decide ida de Dyogo Oliveira para a presidência do BNDES e busca solução para Minas e Energia

Um dos cotados para o posto é o ex-diretor geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Jorge Bastos

Foto do author Adriana Fernandes
Por Adriana Fernandes , Lu Aiko Otta e Ligia Formenti
Atualização:
Dyogo Oliveira, atual ministro do Planejamento, assumirá a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Foto: André Dusek/Estadão

Em meio aos desdobramentos da operação Skala, que levou à prisão pessoas de seu convívio pessoal, o presidente Michel Temer reuniu-se ontem com o ministro-chefe da Secretaria Geral, Wellington Moreira Franco, e com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR), para discutir a reforma ministerial e decidiu pela ida de Dyogo Oliveira, atualmente no Ministério do Planejamento, para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

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O ministro resistiu à troca. Mas deverá sacramentar a mudança numa reunião mais ampla que Temer pretende fazer neste domingo para fechar a reforma ministerial. 

Temer quer que Dyogo vá para o banco com o objetivo de pacificar seu funcionamento. Com operações investigadas pela Polícia Federal, como os empréstimos para o grupo JBS, a instituição amarga uma profunda divisão em seu corpo técnico. A atual gestão do economista Paulo Rabello de Castro, marcada por uma linha de corte desenvolvimentista, também provocou polêmica no meio técnico.

O ministro não queria deixar o posto, preocupado com a continuidade dos trabalhos de sua pasta. Como um “plano B”, pediu para ser substituído por seu atual secretário executivo, Esteves Colnago, o que deve ser atendido. Dessa forma, os trabalhos não serão interrompidos. Na última segunda-feira, Meirelles havia indicado o secretário de Acompanhamento Econômico, Mansueto Almeida para o Ministério do Planejamento. A indicação não foi bem recebida pela área técnica, justamente por causa do risco de interrupção dos trabalhos. 

A substituição pelo secretário executivo é uma solução igual à adotada no Ministério da Fazenda, onde o atual ministro, Henrique Meirelles, será substituído pelo número dois, Eduardo Guardia. Outro ponto delicado a ser definido é o comando da pasta de Minas e Energia. Nos bastidores comenta-se que um dos cotados para o posto é o ex-diretor geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Jorge Bastos. Este, porém, garantiu ontem ao Estado que não foi procurado por integrantes do governo. 

O risco da escolha de um ministro que coloque em risco as políticas da pasta, principalmente a privatização da Eletrobrás, tem colocado a área técnica do ministério em posição de guarda. Há risco de uma debandada, o que deixaria ainda mais remotas as chances de a operação ocorrer este ano. 

Um dos principais articuladores da privatização, o secretário-executivo da pasta, Paulo Pedrosa, tem dito a amigos que pretende deixar o cargo se o novo ministro for alguém que trabalhe contra a privatização. Ele próprio é cotado para o posto. Porém, com poucas chances, já que a escolha do novo ministro passa por arranjos regionais do MDB.

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Pela mesma razão, o presidente da estatal, Wilson Ferreira Jr., ameaça deixar o cargo. Uma fonte do governo disse que essa baixa traria grandes prejuízos, uma vez que o executivo tem segurado “no braço” os fortes ajustes que vêm sendo realizados na estatal com o objetivo de prepará-la para a privatização. Foi sob o comando dele que a estatal cortou cargos em comissão e colocou em andamento um programa de demissões voluntárias.

Segundo fontes palacianas, o atual ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, deverá continuar no posto. Senador pelo PSDB de São Paulo, ele chegou a anunciar, em fevereiro, que sairia do governo para concorrer à reeleição. Essa decisão, porém, foi colocada em reexame nas últimas semanas. Segundo pessoas próximas, ele ainda não se decidiu. Depende de mais conversas no campo da política paulista para bater o martelo. 

Ontem pela manhã, Temer fechou a sucessão no Ministério da Saúde. O posto hoje ocupado pelo deputado Ricardo Barros (PP-PR) ficará com o atual presidente da Caixa, Gilberto Occhi. Para a presidência do banco irá o atual vice-presidente de Habitação, Nelson Antônio de Souza. A posse de Occhi já está marcada para as 10h30 da segunda-feira.

Na última sexta-feira, foi oficializada a saída de Maurício Quintella do Ministério dos Transportes. O ex-ministro é deputado pelo PR de Alagoas e concorrerá nas próximas eleições a uma vaga no Senado. Será substituído pelo atual diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Valter Casimiro. 

A reforma ministerial precisa ser fechada esta semana. O prazo limite para desincompatibilização dos ministros que sairão candidatos é 7 de abril.

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