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Telegramas indicam que Lula agiu em favor da Odebrecht no exterior

Mensagens diplomáticas trocadas entre o Itamaraty e chefes de postos brasileiros em outros países indicariam que o ex-presidente teria agido em Portugal, Cuba e África

Por José Roberto Castro
Atualização:

SÃO PAULO - Uma série de telegramas diplomáticos trocados entre o Itamaraty e chefes de postos brasileiros no exterior indicariam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria agido em Portugal, Cuba e África em favor de empresas brasileiras, entre elas a Odebrecht, segundo o jornal O Globo. Os telegramas foram obtidos pelo jornal por meio da Lei de Acesso à informação.

Em uma correspondência enviada em 2014 pelo embaixador brasileiro em Lisboa, Mario Vilalva, se encontra um comentário sobre a atuação de Lula em Portugal. No documento, Vilalva diz que "repercutiu positivamente na mídia" a declaração de Lula dizendo que empresas brasileiras devem se engajar na aquisição de portuguesas em processo de privatização e completa: "O ex-presidente também reforçou o interesse da Odebrecht pela EGF ao primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que reagiu positivamente ao pleito brasileiro". O embaixador não explicita, no telegrama, se o pedido de Lula a Coelho foi feito de maneira pública ou particular.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (d), e o presidente cubano em exercício, Raul Castro, passam em revista à guarda de honra durante cerimônia de boas- vindas em Havana, Cuba. 15/01/08 Foto: ALEJANDRO ERNESTO/EFE

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Em Cuba, Lula teria participado, em 2011, de almoço oferecido por Marcelo Odebrecht, além de encontros com Raul e Fidel Castro e de um jantar em sua homenagem oferecido pelo chefe do posto diplomático. Os ex-ministros José Dirceu e Franklin Martins acompanhavam Lula na viagem.

Em 2014, o encarregado de negócios brasileiros em Cuba, Marcelo Câmara, cita uma visita de Lula ao país "em atendimento a convite do governo local e com apoio do grupo COI/Odebrecht". O motivo da visita seria, segundo o telegrama, "a prospecção de iniciativas para aperfeiçoamento da matriz energética à zona especial de Mariel e o reforço da cultura de soja no país". O petista foi acompanhado pelo senador Blairo Maggi (PR-MT) e do ex-ministro Silas Rondeau.

Outro episódio relatado pelo jornal é o agendamento de uma reunião do embaixador do Zimbábue no Brasil, Thomas Bvuma, com o BNDES em 3 de maio de 2012. Segundo o telegrama enviado pelo Itamaraty à representação brasileira no país africano, a reunião foi "organizada a pedido do ex-presidente Lula, que se dedicará ao desenvolvimento de infraestrutura na África.

Em nota, a assessoria do Instituto Lula diz que "o ex-presidente não recebeu, não recebe e jamais receberá qualquer pagamento de qualquer empresa para dar consultoria, fazer lobby ou tráfico de influência" e que os pagamentos que recebeu da Odebrecht, e de outras empresas, foram feitos por palestras com nota fiscal.

Sobre o caso em Portugal, o Instituto argumenta que o ex-presidente "comentou o interesse da empresa brasileira pela empresa portuguesa" que já era público. As visitas a Cuba, segundo a assessoria de Lula, foram públicas e "amplamente divulgadas". Assim como a reunião com o BNDES onde, segundo Lula, participaram representantes de vários países africanos.

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