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TCU diz que não vai investigar filho de presidente da Corte

Para tribunal, não há informação suficiente para justificar apuração interna sobre Tiago Cedraz e de ministro mencionados por Pessoa

Por Fabio Fabrini
Atualização:

Brasília - O Tribunal de Contas da União não abrirá investigação interna para apurar denúncias de tráfico de influência e corrupção envolvendo o advogado Tiago Cedraz - filho do presidente do TCU, Aroldo Cedraz -, e o ministro Raimundo Carreiro. O próprio Carreiro, que é o corregedor da corte de contas, declarou ontem que as informações sobre o caso, divulgadas na imprensa, não são suficientes para instaurar um processo. “Vou abrir com base em quê?”, questionou. 

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Tiago Cedraz e Carreiro foram citados em depoimentos do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC e um dos delatores da Operação Lava Jato. O empreiteiro sustentou ter pago R$ 1 milhão para que processo de interesse da construtora, relacionado a obras na Usina de Angra 3, fluísse no tribunal. 

Segundo o Ministério Público Federal, Pessoa disse que o dinheiro foi solicitado pelo advogado, que deixou “antever” que seria repassado a Carreiro, relator de casos de Angra 3 na corte. A investigação corre no Supremo Tribunal Federal por causa da suspeita, ainda em apuração, lançada sobre o ministro, que tem foro privilegiado. Na terça-feira passada, a Polícia Federal fez buscas no escritório de Tiago Cedraz à procura de mais provas. O ministro e o advogado negam participação em irregularidades.

Processo. Na hipótese de um processo na corregedoria, Carreiro teria de designar um colega para cuidar do assunto. Caso contrário, investigaria a si mesmo. Ele justificou ontem que o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, lhe negou acesso à delação e, sem o conteúdo, fica difícil iniciar apuração. O ministro disse que cabe a Tiago Cedraz e ao empreiteiro Ricardo Pessoa explicarem qual é o seu grau de envolvimento, uma vez que, na delação, seu nome é citado numa conversa entre os dois. 

Para auditores e outros técnicos da corte de contas, as denúncias têm um impacto devastador na imagem do tribunal e o enfraquece num contexto em que avalia as contas da presidente Dilma Rousseff. Em conversas reservadas, ministros cogitaram um afastamento temporário do presidente ou mesmo que ele tire férias enquanto o caso está em apuração. Na quarta-feira, Aroldo Cedraz convocou os colegas de plenário para uma reunião. Afirmou que não tem relação com as atividades do filho e que não teve ingerência sobre nenhum processo do escritório dele. 

Um dos problemas do afastamento do ministro é que assumiria o vice-presidente, Carreiro, citado na delação do empreiteiro. Na linha sucessória, viria em seguida o decano da corte, ministro Walton Alencar, alvo de processo na corregedoria que apura suposta troca de favores entre ele e a ex-ministra Erenice Guerra.

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