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Stédile: governo tem que 'criar vergonha' e dar resposta a movimentos sociais

O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, disse neste sábado (14) que o governo federal tem que criar vergonha e dar uma resposta aos movimentos sociais que ajudaram a eleger a presidente Dilma Rousseff (PT) apostando em um programa de compromissos que previa reformas para melhorar as condições de vida da população. "Ela (Dilma) assumiu, a crise econômica se intensificou, ela colocou o Levy (ministro Joaquim Levy) na Fazenda e todas as medidas de política econômica até agora foram ruins para a classe trabalhadora. Isso significa que ela escutou mais os burocratas do que o povo", afirmou Stédile ao Broadcast no início da tarde de hoje, na chegada a um seminário organizado pelo PT do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.

Por Gabriela Lara e CORRESPONDENTE
Atualização:
Caminhoneiros fazem protesto na Marginal Pinheiros em São Paulo Foto: Rafael Arbex/Estadão

Nesta sexta-feira, em ato em defesa da Petrobras no Rio de Janeiro, a principal liderança do MST no Brasil já havia desafiado a presidente a sair "do palácio" e "ouvir o povo". Na ocasião, ele também afirmou que Levy é um "infiltrado" no governo petista. Na manhã de hoje, ao participar da primeira parte do seminário do PT gaúcho, o presidente nacional da sigla, Rui Falcão, disse que Dilma tem se dedicado a ouvir a população e, com o tratamento que vem dando à crise, "certamente irá recuperar a popularidade".

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Esta semana, Stédile atendeu ao chamado do ex-presidente Lula e levou o MST às ruas em diferentes cidades do Brasil para reforçar as manifestações a favor do governo petista, mas não deixou de fazer críticas às recentes medidas de ajuste fiscal. Segundo ele, o MST, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e outros agentes sociais sabem que o País vive um período de dificuldades, mas esperavam que a presidente pudesse levar em consideração suas propostas para sair da crise antes de cortar gastos sociais.

Entre as ações sugeridas por Stédile está o aumento do Imposto de Renda sobre o lucro das empresas transferido para o exterior e a criação do imposto sobre fortunas. No longo prazo, ele defende que o País acabe com a "frescura" de superávit primário. "Isso é herança do governo Fernando Henrique, de um acordo que eles fizeram com o FMI, que o governo tem que se comprometer primeiro em reservar para juros e depois para a educação. Nós queremos inverter", afirmou.

Stédile explicou que o MST foi às ruas esta semana com o objetivo de impedir a perda de direito dos trabalhadores e para defender a Petrobras. "A empresa é zeladora, em nome do povo, da última riqueza coletiva que esta nação tem que é o petróleo. Fomos dizer para a burguesia não meter a mão no petróleo", argumentou, ao mencionar que a oposição teria propostas para privatizar a estatal.

Sobre as manifestações anti-Dilma programadas para este domingo, o líder do MST disse que os movimentos de direita têm o direito de protestar, mas "pegaram o mote errado" ao exigir o impeachment da presidente. "Isso é algo ilegítimo, ilegal. Eles são burros, a direita é burra, porque ao levantar a bandeira do impeachment ela dá para a esquerda o dever de defender o legalismo. Se a bandeira do impeachment aumentar, temos que ir para todas as praças e assembleias do Brasil defender a legalidade, a Constituição brasileira."

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