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Sob chuva, avião de Campos arremete e cai no meio de casas

Aeronave ficou destruída; testemunhas afirmam que avião estava em chamas antes da queda, o que não foi confirmado pelas autoridades

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Por Bruno Ribeiro
Atualização:

SANTOS - O avião que transportava Eduardo Campos e mais seis pessoas caiu às 10h desta quarta-feira, 13, no bairro do Boqueirão, em Santos, no litoral paulista. Segundo testemunhas, a aeronave vinha em baixa altitude desde a Praça Mauá, no centro da cidade, depois de tentar pousar na Base Aérea de Santos, que fica no Guarujá, e arremeter. Chovia fraco no momento do acidente.

O Cessna 560 XL, prefixo PR-AFA caiu no meio do quarteirão de uma vila residencial, cercada de prédios. De acordo com as equipes de socorro, partes da aeronave atingiram 13 imóveis - uma casa ficou totalmente destruída. “Não foi igual ao acidente da TAM (em 2007, em São Paulo), em que havia corpos carbonizados perto do avião. Nesse acidente não dá para achar nem as asas do avião. Foi difícil saber onde estavam os pedaços dos corpos”, disse na tarde desta quarta-feira o capitão do Corpo de Bombeiros Marcos Palumbo.

Cenário de destruição do acidente que matou Eduardo Campos Foto: Márcio Fernandes/Estadão

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O avião decolou 8 minutos antes do previsto do Aeroporto Santos Dumont, no Rio. O plano de voo apresentado por um dos pilotos à Sala de Informações Aeroportuárias, às 22h26 de terça-feira, previa que o jato partiria às 9h29. O voo decolou às 9h21, com previsão de chegada à Base Aérea de Santos por volta das 10h. Campos tinha compromisso de campanha em Santos e no Guarujá.

A Infraero, por meio de sua assessoria, informou que essas pequenas variações de horário são rotineiras. Funcionários do aeroporto contaram que Campos, os assessores Carlos Percol e Pedro Valadares, o fotógrafo Alexandre Severo e o cinegrafista Marcelo Lyra não circularam pelo aeroporto. Seguiram direto para a sala vip da Líder Aviação, empresa contratada para fazer as operações aeroportuárias (embarque dos passageiros e envio de bagagens). 

A aeronave era conduzida por Geraldo da Cunha e Marcos Martins, ambos pilotos contratados pela coordenação de campanha do PSB.

Todas as licenças operacionais da aeronave estavam regularizadas, segundo a agência. A última inspeção foi feita em janeiro, com validade até fevereiro de 2015. Também o certificado de aeronavegabilidade, que confirma as condições operacionais do avião, estava válido até 2017. 

Em terra. Dez pessoas ficaram feridas em terra. “Elas inalaram gás ou tiveram ferimentos em decorrência do calor do acidente”, disse o coordenador da Defesa Civil de Santos, Daniel Onias. Nenhuma corria risco de morrer.

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Testemunhas relataram um forte barulho de aceleração de turbina instantes antes da queda. Moradores da Rua Alexandre Herculano, uma das que cercam o quarteirão do acidente, afirmaram ainda terem visto o avião em chamas antes de cair - informação não confirmada pelas autoridades.

“Eu tinha acabado de chegar em casa. Ouvi um tremendo estrondo e um tranco na janela, imagino que tenha sido o golpe de ar da explosão. Desci do meu prédio correndo. Começamos a ajudar. Quando percebi, já estava no local da queda. Foi arrasador”, contou o estivador Donizete Maguila Júnior, de 37 anos.

De acordo com o delegado Aldo Galiano, o piloto do Cessna estava consciente no momento do acidente. Por isso, ele acredita que a aeronave explodiu em solo. Segundo Galiano, é provável que o piloto tenha procurado uma área aberta para pousar.

O voo baixo da aeronave já havia chamado a atenção de moradores, que viram o avião dar um rasante próximo do local do acidente. “Poucos instantes depois (do rasante), alguém falou que o avião tinha caído na academia Mahatma. Gelei. Minha mãe mora nos fundos. Cheguei e ainda havia muito fogo, mas ela estava bem”, afirma o empresário Fabrício Rodrigues Simões, de 39 anos.

Quarenta e cinco bombeiros trabalharam no combate às chamas, em um raio de 500 metros. O fogo só foi extinto por volta do meio-dia. No início da noite, o capitão Marcos Palumbo, dos bombeiros, disse ter descoberto a cabine da aeronave, enterrada cerca de 3 metros abaixo da terra. Os bombeiros trabalhavam para remover os destroços que caíram sobre o buraco, na esperança de achar mais fragmentos de corpos. Não havia previsão para o término dos trabalhos. / COLABORARAM ANTONIO PITA, CLARISSA THOMÉ, FABIO LEITE e DIEGO ZANCHETTA

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