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Só um irresponsável colocaria minha família como lavadora de dinheiro, diz Temer

Presidente reage a reportagem da 'Folha' que sugere que reformas em imóveis de parentes dele teriam sido usadas para ocultar bens

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Por Carla Araujo
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Michel Temer  se defendeu de maneira enérgica nesta sexta-feira, 27, em pronunciamento no Palácio do Planalto, das acusações de que tem sido alvo na investigação sobre um suposto recebimento de propina para a assinatura de decreto para o setor portuário.  “Só um irresponsável mal intencionado teria a intenção de colocar a minha família e meu filho de 9 anos como lavadores de dinheiro”, disse Temer, num pronunciamento de 15 minutos.

Michel Temer ao lado de Sebastian Piñera, presidente do Chile Foto: Ivan Alvarado/ Reuters

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O pronunciamento ocorreu Salão Leste do Palácio do Planalto, minutos antes da cerimônia de recepção ao presidente do Chile, Sebastián Piñera. O presidente não disfarçou a irritação e, por vária vezes, deu pequenos socos no púlpito onde discursava. “Em que mundo estamos? É incrível, é revoltante, é um disparate!”, reclamou.

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A reação de Temer ocorre após o jornal Folha de S. Paulo publicar, também nesta sexta, uma reportagem sobre os imóveis do presidente. Segundo a publicação, seis meses após a abertura de inquérito, a investigação da Polícia Federal sugere que o presidente tenha ocultado bens “lavando” dinheiro de propina por meio de reformas em imóveis de parentes e  transações imobiliárias em nome de terceiros.

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Ainda de acordo com a reportagem, Marcela Temer e o filho Michel seriam donos de alguns dos imóveis supostamente usados para esconder patrimônio obtido ilegalmente. O inquérito da PF investiga se o presidente recebeu, por intermédio de seu amigo, o coronel João Baptista de Lima Filho, pelo menos R$ 2 milhões de propina em 2014.

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Temer não criticou jornais nem jornalistas, mas atacou a investigação policial. “Vejo uma coisa curiosa, quando a minha defesa pede acesso aos autos do inquérito a resposta é sempre que as diligências estão sendo feitas e é sigiloso. Como é que a imprensa consegue essas informações?", questionou. "Eu duvido que a imprensa vá de madrugada, sorrateiramente, ter acesso a esses dados. Alguém vaza esses dados e a imprensa legitimamente acaba por divulgá-los. É uma perseguição criminosa disfarçada de investigação, o que passou a ser comum desde o primeiro momento.”

Irritação

Temer reclamou de mentiras lançadas contra sua honra e ressaltou que responderá diretamente a esse tipo de acusação. “Não se tratam de mentiras contra minha posição funcional, é contra minha honra. Mentiras que atingem minha família e meu filho de 9 anos de idade", prosseguiu o presidente. "Eu trabalho há quase 60 anos, advogado, professor, procurador, presidente da Câmara, vice e agora presidente. São quase 60 anos de salários, honorários recebidos absolutamente dentro da lei e devidamente declarados nas várias declarações de Imposto de Renda."

O presidente ainda disse que seus rendimentos obedecem ao teto de sua aposentadoria. "Não tenho casa de praia, no campo, e nem apartamento em Miami",afirmou. "Qualquer contador, professor de matemática, consegue ver que ao longo do tempo consegui recursos para comprar e reformas imóveis.”

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Temer também rejeitou renunciar ao cargo, a exemplo do que fez quando surgiram denúncias  irregularidades no caso dos portos e prometeu pedir ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann uma apuração sobre como os detalhes de investigações têm sido vazados. “Sei me defender, especialmente defender a minha família e meus filhos. Não posso sair da presidência, não sei quando, para carregar essa pecha que tentam me imputar a todo momento”, concluiu. 

Nesta semana, a Polícia Federal pediu mais 60 dias para investigar o presidente Michel Temer no âmbito do inquérito dos portos. O pedido depende de parecer da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e do ministro relator, Luís Roberto Barroso. 

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Entenda o caso

O inquérito dos portos, de relatoria do ministro Luís Roberto Barroso, apura se a Rodrimar, empresa que opera no Porto de Santos, foi beneficiada pelo decreto assinado pelo presidente em maio, que ampliou de 25 para 35 anos as concessões do setor, prorrogáveis por até 70 anos.

Além do presidente, são investigados Rodrigo Rocha Loures (MDB-PR), ex-assessor de Temer e ex-deputado federal, e Antônio Celso Grecco e Ricardo Conrado Mesquita, respectivamente, dono e diretor da Rodrimar. Todos negam irregularidades.

No âmbito desta investigação, o presidente teve seu sigilo bancário quebrado por determinação do ministro Barroso.

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