Skaf faz as pazes com PMDB e segue na legenda

Mesmo desgastado por não apoiar a reeleição de Dilma, presidente da Fiesp se entende com Temer e ainda é visto como trunfo da sigla

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Por José Maria Tomazela
Atualização:

Abandonado pelo partido na reta final da campanha para o governo paulista, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, fez as pazes com o vice-presidente da República, Michel Temer, e deve ficar no PMDB. Skaf saiu desgastado da disputa porque não apoiou a reeleição de Temer e da presidente Dilma Rousseff, do PT. Após a derrota para o tucano Geraldo Alckmin no 1.º turno, Skaf chegou a ensaiar a saída do partido, migrando para o PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab. Com o aval de Temer, presidente nacional da sigla, lideranças peemedebistas conversaram com Skaf e o convenceram a permanecer no partido. “Skaf é uma liderança importante e tem um longo caminho pela frente no PMDB”, disse o presidente estadual da legenda, deputado Baleia Rossi. Segundo ele, apesar das divergências ocorridas durante a campanha, o resultado mostrou que a candidatura Skaf teve bom desempenho e o PMDB cresceu.

Paulo Skaf quase saiu do PMDB após as eleições para o governo de São Paulo Foto: Werther Santana/Estadão

“Embora houvesse a expectativa de que ele fosse para o 2.º turno, o Skaf ficou em segundo lugar, com quase 5 milhões de votos à frente da candidatura do PT. É bom lembrar que o PMDB vinha de anos e anos sem uma candidatura competitiva em São Paulo.” De acordo com Rossi, o partido trabalha para recuperar a hegemonia no Estado que ocupou na época de Franco Montoro e Orestes Quércia, entre as décadas de 1980 e 1990. Rossi reconheceu que erros estratégicos e divergências internas atrapalharam a candidatura peemedebista em São Paulo. Skaf se desentendeu com Temer ao não apoiar Dilma e ainda sofreu a traição de 68 prefeitos peemedebistas que, na véspera do 1.º turno, aderiram à candidatura de Alckmin. Os prefeitos acusaram Skaf de tê-los ignorado, preferindo fiar-se na estrutura da Fiesp, da qual era presidente licenciado.Prefeituras. Para o ex-governador peemedebista Luiz Antonio Fleury Filho, que retornou ao partido em 2011 e hoje ocupa posição de liderança, o PMDB vai se organizar em 2015 para disputar o maior número de prefeituras no ano seguinte. “Aquela posição (dos prefeitos) foi circunstancial, aquilo já passou e estamos trabalhando para desarmar os espíritos e reforçar nossas lideranças. O Skaf também pensa que a hora é de recompor o entendimento e seguir em frente.” O plano é ter candidatura própria a prefeito em 50% dos 645 municípios paulistas, incluindo a capital. Na eleição passada, o partido disputou 240 prefeituras e elegeu 91 prefeitos no Estado, ficando atrás do PSDB, que obteve 178 cidades. Em São Paulo, entre os nomes cotados para a Prefeitura está o do deputado estadual Jorge Caruso, que é paulistano e foi o mais votado da sigla neste ano. Gabriel Chalita, que já disputou o posto, também é lembrado, e o PMDB pode insistir em ter Skaf no páreo, mesmo sabendo que o projeto dele é disputar o governo do Estado em 2018. A assessoria de Temer informou que o PMDB está unido em São Paulo. Procurado, Skaf disse que só falará de política em 2015. Além da presidência da Fiesp, onde tem mais dois anos de mandato, ele assumiu no fim de novembro a presidência do Sebrae São Paulo, o serviço de assistência à micro e pequena empresa. O dirigente manteve parte da equipe que o assessorou na campanha e retomou contatos com lideranças políticas no interior. O prefeito peemedebista de Araraquara, Marcelo Barbieri, que liderou a rebelião contra a candidatura de Skaf, considera o fato superado e avisou que não falará mais sobre o assunto.

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