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Sindicalistas vão tentar impedir mudanças em direitos

Rachada entre governo e oposição, bancada do setor não quer ouvir falar de alteração de idade mínima de aposentadoria

Por Igor Gadelha
Atualização:

BRASÍLIA - Na direção contrária aos parlamentares do grupo BBB (boi, bíblia e bala), a bancada sindical deu importante ajuda à presidente Dilma Rousseff na votação do impeachment. Dos 47 integrantes da bancada catalogados pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), 36 votaram contra o afastamento da presidente. Apesar de ser tradicionalmente uma das principais bases do PT, os parlamentares que defendem o sindicalismo deram 11 votos pró-impeachment.

“O movimento sindical já não é mais o mesmo”, diz o deputado Zé Geraldo (PT-PA), que coordenou movimentos sindicais no Pará nas décadas de 1980 e 1990. Segundo ele, hoje há partidos cuja causa principal é ligada ao sindicalismo, mas seus comandos decidiram se posicionar como oposição.

Verba. Saúde e educação receberam recursos, diz Zarattini Foto: Lúcio Bernardo Jr/Divulgação

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O principal exemplo é o Solidariedade, presidido pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força. O parlamentar é aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), desafeto de Dilma, e foi um dos principais articuladores do impedimento.

Embora tenham apoiado o impeachment, parlamentares sindicalistas de centro-direita já avisaram ao vice-presidente Michel Temer que não tolerarão mudanças em direitos trabalhistas, como a reforma da Previdência Social, com estabelecimento de idade mínima para aposentadoria, propostas já defendidas pelo peemedebista.

Já os parlamentares sindicalistas mais ligados à esquerda afirmam não reconhecerão um eventual governo Temer e, por isso, não pretendem dialogar com o peemedebista. “Vão ter os sindicatos pelegos apoiando ele, mas nós vamos ser combativos”, disse Zé Geraldo.

Em outras áreas que o PT construiu parte de sua atuação parlamentar nos anos 1990, como saúde e educação, o desempenho do governo foi fraco.

Na Frente Parlamentar da Saúde, o placar foi de 153 a 40, enquanto na da Educação, 174 a 79. O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) avalia que o resultado é reflexo do fato de que as duas bancadas têm causas “simpáticas” a parlamentares de diferentes áreas e serem compostas por diversas categorias, como médicos e agentes de saúde; professores e donos de instituições de ensino.

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Para o petista, essa diversidade mostra que não foram as políticas do governo relacionadas às duas áreas que provocaram votos pelo impeachment. “Houve aumento de verbas para saúde e educação. Foi criado o Mais Médicos e teve o Fies (Financiamento Estudantil).”