Bastidores: Sindicalista 'levanta a bola' e tucano corta

Presidente da CUT sugere reação armada a protestos contra o Governo e dá munição ao senador oposicionista Aécio Neves

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Foto do author Pedro  Venceslau

Ao conclamar, no Palácio do Planalto, que os movimentos sociais devem "ir para as ruas entrincheirados, com armas nas mãos, se tentarem derrubar a presidenta", o presidente da CUT, Vagner Freitas, prestou uma colaboração preciosa ao PSDB. Para os tucanos, o sindicalista "levantou a bola" para o senador Aécio Neves (MG) cortar. A equação é simples. Com o agravamento da crise política, petistas e aliados da presidente passaram a acusar os tucanos de "golpistas" por defenderem a tese do impeachment. Esse selo passou a ser peça de resistência dos discursos governistas. Ao defender na semana passada que a melhor saída para a crise seriam novas eleições, os líderes do PSDB no Congresso deram munição aos adversários e abriram um debate interno que constrangeu Aécio. Aliados do governador paulista Geraldo Alckmin na direção executiva tucana se apressaram em criticar a iniciativa. O próprio Alckmin disse a auxiliares que considerava o discurso "inócuo" e classificou como um erro o partido falar em novas eleições. O senador José Serra (SP) seguiu na mesma linha, configurando-se o racha. Emparedado entre os aliados no Congresso e a ofensiva paulista, Aécio optou por um recuo tático no Recife, na segunda-feira, nas homenagens ao governador Eduardo Campos (PSB). "Não cabe ao PSDB escolher o melhor desfecho para o País. O papel do PSDB é garantir que as instituições funcionem na sua plenitude", afirmou. Com o discurso belicoso do presidente da CUT, Aécio pôde reconciliar o discurso com os correligionários e passar a bola do constrangimento aos aliados de Dilma.