Servidores do Itamaraty entram em greve

A principal reivindicação dos servidores é a regularização do pagamento do auxílio-moradia, inclusive com uma solução legal definitiva

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Por Lisandra Paraguassu
Atualização:

Brasília - Os servidores do Itamaraty decidiram, em assembleia, manter a greve deflagrada nesta terça-feira, 12, pelo menos até a próxima quinta-feira, quando uma reunião no Ministério do Planejamento deverá tratar da regularização do auxílio-moradia e outras questões da pauta dos grevistas. Até o início desta tarde, pelo menos 70 postos no exterior aderiran ao movimento, pelo menos parcialmente. No Itamaraty, em Brasília, a participação foi basicamente de oficiais e assistentes de chancelaria. 

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De acordo com o SindItamaraty, entre os postos que paralisaram os trabalhos, mesmo que parcialmente, estão os consulados de Boston, Chicago, Atlanta e Nova York, nos Estados Unidos, além da área consular da embaixada em Washington e a Missão junto às Nações Unidas. Também os consulados de Barcelona, Genebra e Ciudad del Este, e as embaixadas em Havana, Quito, Roma, Argel, Assunção, Londres e Buenos Aires, entre outras. Em Bruxelas, pararam tanto a embaixada quanto a área consular e a missão junto à União Europeia. 

Os servidores fizeram, ainda, uma manifestação em frente à sede do ministério no início da tarde, depois da assembleia que definiu pela continuidade do movimento. Entre os participantes, no entanto, nenhum diplomata. 

A decisão pela greve foi tomada na semana passada por pouco mais de 300 funcionários que responderam a uma consulta online feita pelo sindicato - 141 optaram pela greve e m 44 se abstiveram. Na tarde desta terça, a assembleia teve a presença de apenas dois diplomatas. Apesar de serem parte do mesmo sindicato, a carreira mais alta do Itamaraty raramente se envolve nas decisões sindicais, apesar de ser diretamente afetada pelo atraso no auxílio-moradia. Ainda assim, dessa vez, em vários postos os diplomatas - especialmente os terceiros secretários, mais jovens, decidiram participar. É o caso, por exemplo, de Quito, Nairóbi e Londres. 

Itamaraty, em Brasília Foto: Dida Sampaio/ Estadão

A baixa resposta está sendo usada pela administração para tentar demonstrar que a maior parte dos servidores não acha "adequada" a paralisação nesse momento e, em carta, avisou o sindicato que serão descontados os dias de trabalho daqueles que aderirem à greve. Mais do que isso, o texto, assinado pelo secretário-geral do Itamaraty, embaixador Sérgio Danese, ressalta que em um momento de crise econômica o sindicato queira "paralisar um ministério que é a imagem primeira do Brasil no exterior e sempre contou com a abnegação e a dedicação de seus funcionários". 

A principal reivindicação dos servidores é a regularização do pagamento do auxílio-moradia, inclusive com uma solução legal definitiva. Apesar de a maior parte dos postos ter recebido já dois dos três meses atrasados, não há garantia de que não haverá novos atrasos, especialmente porque o contingenciamento, que deve ser anunciado nos próximos dias, reduzirá ainda mais a margem de gastos do Itamaraty.

A pauta foi ampliada para incluir uma reestruturação na carreira e a concessão de passaporte para todos os servidores no exterior - o que não acontece hoje. A ampliação das reivindicações incomodou parte dos servidores, especialmente os diplomatas. 

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Apesar de a maior parte dos postos ter recebido já dois dos três meses de atraso, não há garantia de que não haverá novos atrasos, especialmente porque o contingenciamento, que deve ser anunciado nos próximos dias, reduzirá ainda mais a margem de gastos do Itamaraty.

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