'Série B' da disputa ao Planalto opõe extremos

Pastor Everaldo e Luciana Genro defendem propostas antagônicas não só em questões como drogas e aborto, mas também nas políticas econômicas

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Por José Maria Tomazela
Atualização:

Correndo por fora na disputa presidencial, em partidos com representação no Congresso, ainda que baixa, o candidato do PSC, Pastor Everaldo, e a concorrente do PSOL, Luciana Genro, prometem travar um duelo particular de propostas e opiniões que vão desde política econômica a questões de direitos civis, como aborto e união homoafetiva.

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A ex-deputada, com 1% das intenções de voto, segundo o Datafolha de quinta-feira - primeira pesquisa a incluí-la no páreo -, quer levar à campanha e a seus 51 segundos de propaganda na TV temas como a descriminalização da maconha e a legalização do aborto. Dirigente da Assembleia de Deus, o pastor, que tem 4% da preferência do eleitorado, conta com apoio de outras igrejas evangélicas e, em cerca de 1min30s na TV, vai se posicionar contra a interrupção da gravidez e prega mais rigor contra as drogas.

"Creio que estes temas devem ser encarados sem preconceitos e os candidatos devem se posicionar sobre eles", diz Luciana. "Somos muito claros na defesa da vida desde que o ser humano é concebido e, quanto à legalização da maconha, somos a favor da família, ameaçada pelas drogas", rebate Everaldo.

A candidata do PSOL defende a liberdade de orientação sexual e a garantia dos direitos de gays e lésbicas. Para o concorrente do PSC, a união homoafetiva é inaceitável e só há "união de um homem com uma mulher".

Não por acaso, os aliados mais notórios de Luciana e Everaldo travaram discussões na Câmara. No PSOL, o deputado Jean Wyllys (RJ) é próximo da candidata e um dos parlamentares que mais defendem minorias. Jean Wyllys criticou a escolha do deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP) como presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, em 2013.

O antagonismo se estende à economia. Luciana propõe a taxação das fortunas dos ricos e o fim dos financiamentos a grandes empresas. "Aumentando a tributação sobre a riqueza e a propriedade poderemos baixar os impostos sobre o salário e o consumo."

Everaldo defende mudanças tributárias, mas aponta outro caminho para o governo aquecer a economia. "Temos de cortar na carne, com a redução de ministérios e corte na folha de pagamento. O governo tem de parar de gastar mais do que arrecada."

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Quando o assunto chega às estatais, as diferenças só aumentam. A candidata do PSOL é a favor da reestatização em setores estratégicos, como o elétrico. O concorrente do PSC prega a privatização da Infraero, estatal que administra aeroportos, e da Petrobrás Biocombustíveis. "A Petrobrás não tem que se meter a plantar cana."

Com tantas diferenças, haveria de existir alguma semelhança. Ambos dão a largada na campanha oficial, hoje, no Rio.

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