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Sérgio Moro faz piada e diz que ainda tem 'um bom saldo de prisões preventivas' na Lava Jato

Em tom de brincadeira, juiz diz que embora o acusem de exagerar nos pedidos de prisão preventina na Lava Jato, a Operação Mãos Limpas, que investigou políticos corruptos na Itália, resultou em 800 detenções desse tipo

Por Elizabeth Lopes
Atualização:

SÃO PAULO - Em palestra em São Paulo, nesta sexta-feira, 28, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, traçou um paralelo entre a investigação brasileira e a Operação Mãos Limpas, na Itália, que desbaratou um esquema de corrupção envolvendo políticos e figuras importantes do governo italiano. Em tom de brincadeira, Moro falou sobre as prisões preventivas pedidas nas duas Operações. "Falam que exagero na prisão preventiva", disse o juiz, citando que em Milão, o saldo da Operação Mãos Limpas resultou em 800 detenções preventivas. "Ou seja, eu ainda tenho um bom saldo", brincou, arrancando risos da plateia no auditório do Ministério Público Federal de São Paulo. E emendou: "Estou brincando".

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processo da Operação Lava Jato Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

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O juiz também disse que o Brasil pode aprender com as semelhanças dos casos nos dois países. "Com tudo que ocorreu (na Itália), muitas oportunidades foram perdidas e isso é uma lição (para o Brasil) com aparecimento de casos de corrupção na administração pública", afirmou.

"O que muda um País é o fortalecimento de suas instituições, não podemos ter uma fé cega no futuro", disse o juiz, ao citar que usualmente é abordado por pessoas que o questionam se ele vai ajudar a mudar o Brasil.

Ao citar a Mãos Limpas, Moro disse que um dado assustador é que 40% dos casos não chegaram a julgamento. "Isso é preocupante porque o nosso sistema judiciário se assemelha ao modelo italiano, que é extremamente lento." E afirmou que o impacto maior da Mãos Limpas foi nos anos 1992 a 1994, e, depois, houve uma reação do poder político que diminuiu as conquistas obtidas, incluindo uma lei de anistia, denominada "lei que salva corrupto".

Moro começou sua palestra falando de lavagem de dinheiro, numa abordagem mais técnica, e depois falou sobre corrupção, traçando o paralelo com a Operação Mãos Limpas, na Itália. Naquele país, a operação ganhou este nome por causa da colaboração de um detido que acabou revelando o megaesquema de corrupção.

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