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Senadores petistas já veem altas chances de Dilma ser afastada

Apesar do momento adverso, eles ainda acreditam que governo tem chances de impedir o afastamento da presidente no Senado

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Por Ricardo Brito
Atualização:

BRASÍLIA - Um dia após a Câmara ter decidido aprovar a abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, senadores do PT e de outros partidos da base aliada admitiram que a chance de afastamento da petista é de 90%.

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Em encontro a portas fechadas promovido na liderança do governo no Senado na segunda-feira, 18, os participantes reconheceram que a situação da presidente é, nas palavras de um deles, "muito difícil", mas não "irreversível".

Durante a reunião, a avaliação geral foi de que, apesar do momento adverso, o governo tem chances de impedir o afastamento de Dilma no Senado. A estratégia dos senadores é impedir que se aprove a instauração do processo por maioria simples do plenário da Casa, o que levaria à automática assunção do vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) ao comando do Palácio do Planalto.

Reservadamente, os petistas e aliados consideram que, se Dilma for afastada, não terá condições políticas de voltar futuramente. O consenso dos presentes ao encontro foi de que a presidente não escaparia da condenação no processo pelo plenário, a ser aprovada por dois terços dos senadores, o que representa 54 dos 81 parlamentares.

O senador Lindbergh Fatias, do PT fluminense, acredita que vitória da presidente no Senado será difícil Foto: FOTO DIDA SAMPAIO|ESTADAO

O porcentual elevado de chances de saída temporária da presidente foi chancelado por vários senadores, entre eles Lindbergh Farias (PT-RJ) e Telmário Motta (PDT-RR). Durante a discussão, em tom de brincadeira, um deles chegou a comentar que a chance alcançaria 100%. O discurso público, contudo, é de que a oposição não teve a esperada votação acachapante na Câmara e que, no Senado, a discussão recomeçará.

Os senadores governistas devem investir em várias frentes para tentar reverter o quadro adverso: a atuação do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), adversário histórico de Temer no PMDB; o trabalho de convencimento dos indecisos e de reversão de votos de ex-aliados e o uso de ações judiciais para barrar eventuais situações adversas, como prazos regimentais encurtados e escolha de integrantes da Comissão Especial para funções-chave, como presidência e relatoria.

Rito. Mesmo pressionado por oposicionistas e aliados, Renan resiste a acelerar o trâmite do pedido de afastamento de Dilma em plenário. A assessoria técnica do Senado trabalha com o prazo de que essa decisão deve ir à votação até o dia 11 de maio. Um tempo maior para essa apreciação ajuda o governo a tentar se reorganizar.

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O peemedebista se encontrou na segunda com Dilma, no Planalto, e com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, para discutir o rito do impeachment no Senado. Já os líderes no Senado se reunirão amanhã para decidir o roteiro a ser adotado pela Casa.

Na reunião, os aliados de Dilma no Senado pretendem centrar esforços para cabalar votos contra o afastamento. Entre as apostas, está a de conquistar apoios de partidos que já foram governo e que votaram majoritariamente contra ela. O PSB é um dos alvos: na Câmara, o partido fechou questão a favor do impeachment e, dos 32 deputados, 29 se manifestaram contrários a Dilma. O partido, com sete senadores, já divulgou nota contra a punição da presidente.

Os petistas também definiram rejeitar qualquer indicação para a relatoria da comissão de um senador filiado a partido interessado no impeachment de Dilma, como é o caso da senadora Ana Amélia (PP-RS), partido que fechou questão a favor do afastamento da presidente.

"Podemos até não fazer a indicação do PT, mas temos que participar disso. Não dá pra vir com essa história.", criticou o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE).