Senadora vê ‘firmeza’ em apuração sobre morte de coronel

Parlamentares chegaram a dizer que caseiro havia negado confissão, mas depois destacaram empenho na investigação

Por Thaise Constancio
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Rio - A presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Ana Rita (PT-ES), deu respaldo nesta terça-feira, 6, às investigações sobre a morte do coronel da reserva Paulo Malhães. Após reunião com a cúpula da Polícia Civil do Rio, a parlamentar disse que a corporação "demonstrou estar empenhada no caso" e investiga "com muita firmeza".As declarações indicam uma postura diferente da que motivou a ida ao Rio dos senadores, desconfiados de que só se estaria trabalhando com a hipótese de latrocínio (assalto seguido de morte). Malhães, torturador confesso de presos políticos durante a ditadura militar, morreu no dia 24 em seu sítio, em Nova Iguaçu, um mês após confessar à Comissão da Verdade participação no desaparecimento do corpo do ex-deputado Rubens Paiva.Além de Ana Rita, integraram a comitiva os senadores João Capiberibe (PSB-AP) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). O trio ouviu pela manhã, na carceragem da Divisão Antissequestro (DAS), o caseiro Rogério Pires - a polícia diz que ele confessou participação no crime.Após a conversa, acompanhada pelo presidente da Comissão da Verdade do Rio, Wadih Damous, os parlamentares disseram que o caseiro havia voltado atrás e negado envolvimento no caso. Dois irmãos de Pires, Anderson e Rodrigo, são procurados como executores do crime - um terceiro homem ainda não foi identificado.Mais tarde, Ana Rita disse que "o caseiro presta informações desencontradas" e, por isso, a polícia trabalha com as hipóteses de latrocínio, homicídio por vingança e queima de arquivo.A Defensoria Pública do Rio foi contatada para indicar um advogado para acompanhar o processo. Pela manhã, os senadores consideraram "muito estranho" o fato de Pires, mesmo sendo analfabeto, ter prestado depoimento sem um advogado. "O depoimento e a confissão podem ser feitos sem o advogado desde que haja testemunhas de leitura. As contradições foram evidenciadas diante do material investigativo e ele acabou confessando o envolvimento no crime. A participação dele é irrefutável", disse o delegado titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, Pedro Henrique Medina.O presidente da Comissão da Verdade do Rio mantém a postura de que o caso merece atenção especial. "Continuamos entendendo que não é um crime banal, mas de um importante agente da ditadura que nos últimos tempos começou a revelar coisas até então desconhecidas da população", disse Damous.

 

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