Renan diz a aliados que deve votar pelo impeachment

Renan se reuniu ontem com a presidente afastada, mas despistou quando questionado sobre o assunto

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Por Vera Rosa
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), confidenciou a interlocutores que pretende votar a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff no julgamento final, previsto para ocorrer no dia 30. Renan se reuniu nesta sexta-feira, 19, com Dilma, no Palácio da Alvorada, mas saiu do encontro sem dar pistas sobre a conversa, alegando apenas que o diálogo foi “institucional”.

Nas duas etapas anteriores da tramitação do processo no Senado, Renan não votou. Questionado por jornalistas se desta vez iria se posicionar, ele não disse nem sim nem não. “Eu tenho conduzido o processo com isenção, responsabilidade e equilíbrio e isso me impede de declarar o que vou fazer”, afirmou.

Renan Calheiros (PMDB-AL) Foto: André Dusek|Estadão

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Aliado de Dilma até há pouco tempo, Renan se aproximou do presidente em exercício, Michel Temer, nos últimos dias. Ainda ontem, após visitar a petista no Alvorada, ele viajou para São Paulo, onde participou da reunião convocada por Temer para discutir as medidas de ajuste fiscal. No dia anterior, também havia embarcado para o Rio ao lado dele e deve emplacar um afilhado seu no Ministério do Turismo.

Dilma foi informada de que a estratégia de Temer é escalar senadoras para confrontá-la, quando for ao plenário do Senado, no dia 29, para se defender. A tática foi planejada para evitar que homens sejam acusados de preconceito contra a presidente afastada, transformando-a em vítima.

Temer tem ligado pessoalmente para os senadores, pedindo apoio na votação para cassar o mandato de Dilma. A fase final do impeachment, comandada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, começará na quinta-feira e pode durar até uma semana.

O Palácio do Planalto quer o voto do presidente do Senado para derrotar Dilma. Na contabilidade do governo, a petista será deposta com 61 dos 81 votos.

Estratégia. Integrantes da base aliada de Temer, as senadoras Ana Amélia (PP-RS) e Simone Tebet (PMDB-MS) farão dobradinha para desmontar a tese da defesa, que define o processo como um “golpe”.

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Dilma, porém, já se prepara para o embate. A ideia é que ela faça um pronunciamento carregado de emoção, mas mostre altivez e não leve desaforo para casa. Nessa toada, invocará até o testemunho de ex-ministros, hoje senadores, sobre sua gestão.

Na avaliação do líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), a presença de Dilma na sessão de julgamento final convalida todo o processo de impeachment. “Ela jogará por terra o discurso do golpe. Não existe golpe com a presença do golpeado”, afirmou Cunha Lima. / COLABORARAM ANDREZA MATAIS e RICARDO BRITO

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