BRASÍLIA - O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, admitiu a possibilidade de o apresentador Luciano Huck ser uma opção de candidatura à Presidência para partidos do centro político. "O que o presidente (Michel Temer) coloca é que o candidato seja defensor do legado e da continuidade dos programas que nós implantamos. Se ele aderir a esta tese, por que não?", disse Padilha em entrevista ao Estadão/Broadcast.
Segundo o ministro, Huck é um nome popular, mas, se realmente se lançar candidato, terá de construir uma malha de alianças de sustentação política.
O governo conseguirá um candidato que defenda o legado desta gestão se não for o próprio presidente Michel Temer o candidato? Acho que já ficou bastante claro que o presidente Michel Temer não anda à caça de popularidade. Ele tomou, durante todo o seu período, decisões que não caminharam pelo rumo da popularidade, mas sim de fazer as reformas que o Brasil precisava. O que o presidente tem dito é que esse assunto (candidatura) ele vai falar lá no final de maio, começo de junho. É o que tem dito para nós porque queremos um candidato que defenda o legado dele.
Quando o presidente fala em maio e junho, tira qualquer chance de o ministro Henrique Meirelles ser este candidato, pois ele terá de anunciar a decisão antes dessa data. Não tira chance de ninguém.
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Mas ele teria que sair antes? Mas de repente ele sai, né?
E aí fica esperando "na chuva"? É o risco que se corre num partido grande.
O ministro está conversando com o MDB? Sim, com o MDB. E estou falando isso por causa do MDB.
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Esperar até junho não é arriscado para o governo ter um candidato forte? Não, porque a gente está conversando com os demais partidos. O Meirelles está conversando, o Rodrigo (Maia, DEM-RJ) está conversando, o (Geraldo) Alckmin (PSDB-SP) está conversando...
Até o Luciano Huck está conversando. É possível ele ser um candidato apoiado pelo governo? Eu não digo que não. Ele não é um político tradicional, não sei qual a composição que ele vai tentar buscar para sua rede de proteção e apoio. O que o presidente coloca é que o candidato seja defensor do legado e da continuidade dos programas que nós implantamos. Se ele aderir a esta tese, por que não?
E como o senhor avalia Huck como candidato? É um nome popular, é um homem popular. É um outsider. Vem de fora para o processo político. Então, tem que esperar mais um pouco para ver. Ele vai ter que ter uma malha de aliança de sustentação porque hoje não se consegue governar o Brasil sem a ideia de governo de coalizão.
E como o senhor vê essa eventual candidatura? Estou muito contido. Ele estabeleceu um determinado patamar para dizer se é candidato, se não ele não vai ser.
Economistas renomados estão conversando com Huck seriamente e veem nele uma oportunidade. Um presidente outsider consegue negociar com o Congresso? Não tem ninguém que vai chegar à Presidência da República neste momento que poderá ter o Congresso alinhado com ele automaticamente. Isso não existe. Terá que fazer uma aliança de governo de coalizão, como tem agora com o presidente Temer. O presidente fez porque é necessário, Dilma fez porque era necessário, Lula fez porque era necessário.
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Se o governo não conseguir nos nomes hoje colocados como possíveis candidatos da base - Maia, Meirelles, Alckmin, Huck -, um defensor do legado, o centro pode rachar? Pode ter mais candidatos? Primeiro queremos ver se temos um candidato da base que se destaque como defensor do legado, dando ênfase a essas medidas que estão dando resultado positivo na área econômica. Mas, é possível (ter dois candidatos da base). Nós ainda estamos apostando em ter um candidato que possa galvanizar todos os partidos da base de apoio.
Entre os nomes que o governo trabalha está o do governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (MDB)? É um bom nome.
O governo não tem que começar a se mexer? E quem disse que não está se mexendo? Muita calma nesta hora. A novidade tem que surgir. Não pode sacar da manga do colete. Eu vou me guardar um pouquinho mais, o presidente quer fazer isso só em maio. E nós estamos só em fevereiro.
O senhor vai se candidatar nas eleições deste ano? Eu sou candidato a ficar cuidando da minha filhinha. Eu estou fora.
O senhor não tem medo de perder o foro? O senhor tem vários processos. Eu não tenho medo.
E o presidente Temer, tem medo de perder o foro? Aí, você tem que perguntar para ele.
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A disputa entre Maia e Meirelles pela candidatura atrapalha a votação da reforma da Previdência? Na política, a disputa é mais do que normal, quem não souber conviver com essa circunstância não faça política. É do jogo político.
É melhor para o ministro Meirelles ser candidato a vice? Isso é uma questão que o Meirelles tem que ver. Ele é um quadro muito qualificado, muito bom. Acho que o Rodrigo (Maia) é um jovem que tem mostrado competência e visão do que é o Estado brasileiro.
Mas atrapalha as negociações da reforma? Eventuais disputas por apoio entre os dois, que querem apoio de A, B ou C...não entram no campo da reforma.
Aliados de Maia culpam Meirelles pela suspensão dos empréstimos da Caixa a Estados e municípios, um ponto sensível nas eleições. Eu sei que não dá para atribuir ao Meirelles a culpa. É uma decisão que foi tomada pelo conselho (de administração da Caixa). A presidente do conselho é a Ana Paula Vescovi (secretária do Tesouro). Ah, mas foi o Meirelles atrás do conselho? Eu não tenho essa certeza.
Como o senhor vê a decisão do conselho da Caixa? Eu não vou questionar a decisão. As pessoas tinham que decidir algo. Acho que não cabe a nós do governo questionar publicamente nada.
O Ministério Publico pediu uma cautelar para suspender todos os empréstimos. Prejudica a reforma? Eu tenho ouvido manifestações de desacordo. De pessoas que não estão concordando com isso. Temos que administrar. É uma decisão que está em vigor.