Sartori promete medidas duras ao assumir governo no RS

Os técnicos do novo governo acreditam que o orçamento deste ano, de R$ 57 bi, superestimou a receita e preveem um defict de R$ 5 bi

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Por Elder Ogliari
Atualização:

PORTO ALEGRE - O novo governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), adiantou que tomará "medidas duras, mas inadiáveis e fundamentais" no início de sua gestão durante discurso na cerimônia de posse na Assembleia Legislativa, nesta quinta-feira. O ex-prefeito de Caxias do Sul (2005 a 2012), que sucede Tarso Genro (PT) no comando do Executivo gaúcho, não revelou detalhes do que está preparando, mas alguns secretários confirmaram que um decreto deve estabelecer as primeiras providências já nesta sexta-feira. 

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"Serão medidas restritivas de gasto público", afirmou, em rápida conversa com repórteres, o novo secretário da Fazenda, Giovani Feltes, citando os gastos com diárias de servidores, que passaram de R$ 210 milhões, a valores atualizados, no governo do também peemedebista Germano Rigotto (2003 a 2006), para R$ 480 milhões na gestão de Tarso Genro (2011 a 2014), como exemplo do que deve ser contido. Os cortes, no entanto, serão mais profundos, e envolverão a suspensão temporária, por alguns meses, de pagamentos a fornecedores, contratação de concursados e contenção de gastos com o custeio da máquina pública.

Depois de analisar os dados levantados por sua equipe de transição, Sartori vem dizendo que para quatro anos de receita terá cinco de despesas. Os técnicos do novo governo acreditam que o orçamento deste ano, de R$ 57 bilhões, superestimou a receita e preveem um defict de R$ 5 bilhões. O Estado deve R$ 50 bilhões à União e é obrigado a repassar mensalmente 13% de sua receita para pagar a conta. 

"A crise financeira é reflexo do pensamento de que se pode gastar mais do que se arrecada. Precisamos superar essa visão ampliando os recursos com responsabilidade e colocando o Estado a serviço do desenvolvimento e não de si mesmo. Precisamos ser criativos e realistas", avaliou Sartori, durante o discurso, ao mesmo tempo em que prometeu propor um debate com os demais governadores e o governo federal para buscar um novo pacto federativo. Desde a campanha política, o governador vem afirmando que espera a redução do porcentual de comprometimento da dívida com a União para aliviar a asfixia financeira do Estado.

Depois de tomar posse e assumir o compromisso de cumprir a Constituição na Assembleia Legislativa, Sartori atravessou a Rua Duque de Caxias e foi ao Palácio Piratini receber o cargo de Tarso Genro. O ex-governador desejou sucesso ao novo e prometeu dar a Sartori o mesmo apoio que disse ter recebido dos antecessores em momentos importantes como o da renegociação do índice de correção da dívida do Estado com a União. Sartori manifestou "respeito e gratidão" a Tarso e prometeu um governo "simples, realista, honesto e eficiente". Depois, dirigindo-se ao secretariado que passaria a empossar, fez uma advertência. "Estamos aqui a serviço do público, quem não entendeu isso não entendeu nada", destacou. 

Manifestações. A posse de Sartori atraiu poucos militantes para a Praça Marechel Deodoro, diante do Palácio Piratini, possivelmente pelo feriado prolongado e pela ameaça de chuva. Mesmo assim houve uma manifestação e um pequeno confronto do coros ao longo das solenidades. Quando ia da Assembleia Legislativa ao Palácio Piratini, Sartori enfrentou um protesto de cerca de 20 pessoas inconformadas com a extinção da Secretaria de Políticas para Mulheres, uma das dez que deixam de existir no novo governo, que terá um total de 19 pastas. Ao final da transmissão do cargo, quando Sartori conduzia Tarso à porta do palácio, ainda dentro do edifício, simpatizantes do petista cantaram "olê, olê, olá, Tarso, Dilma", demonstrando apreço pelo ex-governador e apoio à presidente da República que, naquele momento, estava assumindo seu segundo mandato em Brasília. O grupo foi vaiado por partidários de Sartori e logo depois todos voltaram ao silêncio.

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