Renan diz que Rodrigo Janot 'extrapolou os limites' ao pedir prisões

O presidente do Senado voltou a atacar procurador-geral da República e disse que vai analisar pedidos de impeachment de Janot na Casa até a próxima quinta-feira, 22

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Por Julia Lindner
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BRASÍLIA - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), voltou a atacar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nesta quinta-feira (16). Para Renan, Janot "extrapolou" os limites ao pedir a prisão e emitir mandatos de busca e apreensão de senadores no exercício do mandato. Renan adiantou que irá analisar um dos nove pedidos de impeachment de Janot na Casa até a próxima quarta-feira, 22, mas negou que haja uma tentativa de intimidação ao procurador. "Pelo contrário. Você acha que ninguém intimida o PGR? Quando as pessoas perdem o limite da Constituição, perdem também o limite do ridículo", reagiu.

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Renan também comentou novamente uma fala de Janot, dizendo que "o sigilo sobre delação poderia abrir crise entre os Poderes". "Essa é uma declaração criminosa. Ao dizer que foi retirado o sigilo, ele assume a paternidade do vazamento", disse. "Se algo que agrava a separação dos Poderes é um pedido de prisão", continuou. Durante coletiva de imprensa, Renan insinuou diversas vezes que Janot poderia estar por trás do vazamento da delação premiada de Machado. Ele disse que vai procurar o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello Coimbra, para colocar o Senado à disposição para investigar os "crimes".

"O procurador fez busca e apreensão na residência de vários senadores que estavam dispostos a colaborar, quebrou sigilo de informações que já haviam sido dadas, ele fez condução coercitiva de alguém que não colocou nenhum obstáculo para ir depor e pediu a prisão de senadores que não colocaram nenhuma dificuldade para depor. Como fez isso? Porque havia preparado três delações com esse objetivo", acusou Renan, citando as gravações feitas pelo filho de Nestor Cerveró e do assessor de Delcídio Amaral. O segundo, disse, "mandou demitir de pronto, porque estava claro que aquilo era uma encomenda para gravar senadores a pedido de alguém".

Renan Calheiros (PMDB-AL) Foto: André Dusek|Estadão

O parlamentar criticou a maneira como estão sendo feitas as investigações de parlamentares. "Eu só vejo uma razão, é expor e enfraquecer a instituição. Por isso que, como presidente, eu vou no meu limite, no limite da separação dos Poderes, para defender as prerrogativas dessa Casa, para que esses abusos que já aconteceram, não mais aconteçam contra o Senado, nem contra nenhum senador. Qualquer senador que precisar ser investigado, e eu falo como presidente da Casa, está à disposição. Porque se alguém, nessa confusão toda, tem interesse de ver essas citações todas esclarecidas são os senadores."

Segundo ele, veio "ao final e ao cabo" a delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que, entre outros parlamentares, gravou conversas com Renan. Para o peemedebista, Machado não apresenta nenhuma prova ou indício. Ele defendeu uma mudança na lei de delação premiada, que considera ser "velha e anacrônica". "É uma narrativa para botar uma tornozeleira, ficar preso em casa, e limpar mais de um bilhão roubado do povo brasileiro. Isso precisa ser alterado na Lei da delação. Eu, que como presidente do Senado comandei a aprovação da lei, evidente que eu tenho como colaborar para o seu aperfeiçoamento. Uma pessoa que está presa, desesperada, com a família passando fome, vai dizer absolutamente o que quiser", opinou.

Renan enfatizou que sua proposta não busca interferir na Operação Lava Jato. "O principal papel dessa e de outras operações é separar o joio do trigo. É dividir aqueles que estão investigados por ouvir dizer, citações que são levadas como que julgamentos públicos daqueles que roubaram bastante e que querem com uma narrativa mentirosa e inventada como essa do Machado, lavar 90% do dinheiro pilhado da população. E eu acho que isso não faz o Brasil melhor", declarou Renan.

Ele também voltou a acusar procuradores que diz terem sido "rejeitados pelo Senado no passado e que estariam agindo por vingança". Segundo ele, eles deveriam ser impedidos de participarem das investigações. "Talvez fosse o caso dessas pessoas que foram rejeitadas pelo senado, se impedirem dessa participação, sobretudo quando está claro para as pessoas que há um ataque do MP ao congresso mas especialmente ao Senado".

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O presidente comentou as 11 investigações das quais é acusado. "Eu fui citado já 11 vezes porque diante da inexistência de prova para acusar ou para condenar, alguém escolheu me investigar diversas vezes. Investigando dessa forma, toda hora na mídia submetido a um julgamento, acham isso é uma maneira inteligente de investigar, mas eu considero burra. Isso é muito ruim porque deturpa a democracia e embaça a verdade, e dificulta a vida das pessoas. São poucos que chegam aqui, olhando nos olhos de cada um, e dando essas resposta", defendeu.

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