PUBLICIDADE

Renan critica encurtamento de prazos na Comissão do Impeachment

Presidente do Senado endossou tese de Cardozo, de que mudança nas datas poderia 'sugerir supressão do direito de defesa'

PUBLICIDADE

Foto do author Julia Lindner
Por Julia Lindner
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), criticou o possível encurtamento de prazos na Comissão do Impeachment. Em nota divulgada nesta sexta-feira, 3, o peemedebista disse ver com "preocupação as iniciativas para comprimir prazos do colegiado". Ele também endossou a tese do ex-advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, de que a mudança nas datas do cronograma poderia "sugerir supressão do direito de defesa".

PUBLICIDADE

"É imperioso agilizar o processo para que não se arraste indefinidamente. Para tal, é possível reduzir formalidades burocráticas, mas sem restringir o devido processo legal e principalmente o direito de defesa. Dez dias na história não pagam o ônus de suprimi-los", diz a nota.

Segundo questão de ordem apresentada na quinta, 2, pela senadora Simone Tebet (PMDB-MS), baseada em uma mudança do Código Penal, de 2008, as considerações finais da defesa e acusação devem ser feitas em cinco dias, respectivamente. No planejamento inicial do relator Antonio Anastasia (PSDB-MG), baseado no impeachment do ex-presidente Fernando Collor, cada lado teria 15 dias para se manifestar. A mudança provocaria um adiantamento de 20 dias no processo, que terminaria ainda no mês de julho, e não em agosto como estava previsto.

"O que devemos transmitir ao Brasil e ao mundo é a certeza de um julgamento isento, responsável e civilizado, como se viu, aliás, na longa sessão do dia 11 de maio, em que foi admitido o processo, a despeito de atitudes extemporâneas e equivocadas que, pontualmente, a precederam e que poderiam pôr em risco a lisura da condução do impeachment, como tentaram", continuou Renan.

O peemedebista sinalizou apoiar um acordo entre a defesa da presidente Dilma Rousseff e os demais membros da comissão do impeachment. "Parece-me prudente evitar recorrer, a todo tempo, ao Judiciário para que decida questões de ordem. Por mais sensatas e qualificadas que sejam as decisões do presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, e elas o são, é inadequado sobrecarregá-lo com trabalho tipicamente congressual e que corre o risco de ser interpretado como transferência de responsabilidade", afirmou.

Na quinta-feira, a sessão do colegiado foi marcada por tumultos, discussões e diversas questões de ordem. Cardozo, advogado de Dilma, chegou a propor um acordo aos parlamentares antes de recorrer ao presidente do Supremo. O presidente da comissão, contudo, senador Raimundo Lira (PMDB-PB), disse que se sentiria "mais confortável" se a questão pudesse ser avaliada pela instância máxima que é o STF. No início da reunião, Lira acatou a questão de ordem de Simone, mas decidiu não votar o novo cronograma para que a defesa pudesse recorrer ainda nesta semana.