PUBLICIDADE

Relembre os depoimentos de testemunhas na ação contra a chapa Dilma-Temer

Já foram ouvidos o ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, e donos de gráficas

PUBLICIDADE

Por Mariana Diegas
Atualização:

Além de Marcelo Odebrecht, que será ouvido nesta quarta-feira, 1, cinco testemunhas já prestaram depoimento no processo movido pelo PSDB contra a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A corte eleitoral apura se a campanha à reeleição da chapa em 2014 foi financiada com dinheiro de propina. Relembre abaixo os principais depoimentos já prestados pelas testemunhas.

PUBLICIDADE

Otávio Azevedo

Em setembro do ano passado, o ex-presidente da empreiteira Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, afirmou em depoimento que doou R$ 1 milhão para a campanha de Dilma Rousseff em 2014, como propina de 1% por contratos firmados com o governo federal. O valor teria sido desviado da Petrobrás e repassado ao diretório do PT. A defesa de Dilma, porém, apresentou ao tribunal cópias de um comprovante de doação da empreiteira não ao PT, mas ao PMDB, afirmando que a quantia foi entregue ao vice-presidente, Michel Temer. Convocado novamente a prestar depoimento dois meses depois, Azevedo mudou a versão inicial e disse que a doação não foi proveniente de propina. A defesa de Dilma afirma que ele mentiu.

O cheque de R$ 1 milhão para a campanha de Temer em 2014 Foto:

Carlos Roberto Cortegoso

O empresário Carlos Roberto Cortegoso, dono da Focal Confecções e Comunicação Visual – segunda maior fornecedora da reeleição da chapa Dilma-Temer –, afirmou em depoimento no dia 20 de fevereiro que forneceu material de campanha para a chapa.Conhecido como “garçom do Lula”, por ter trabalhado em um restaurante em São Bernardo do Campo (SP) frequentado pelo ex-presidente quando ainda era sindicalista, Cortegoso é investigado pela Operação Custo Brasil, desdobramento da Lava Jato, por ter escoado pelo menos R$ 309 mil da propina no Ministério do Planejamento na gestão de Paulo Bernardo.

Cortegoso atua em campanhas do PT desde a década de 90 e forneceu material gráfico e camisetas para todas as disputas presidenciais do partido desde 2002. Em 2014, os gastos com a Focal chegaram a R$ 23 milhões.

Jonathan Gomes Bastos

Publicidade

O ex-motorista da Focal, Jonathan Gomes Bastos, afirmou que teve seu nome usado como ‘laranja’ por três empresas. “Usaram meu nome em três empresas citadas na Lava Jato, a Focal Point, CRLS e Notícia Comunicação. Fui laranja, né?”, disse ao sair do prédio do Tribunal Regional Eleitoral (TER) de São Paulo, onde prestou depoimento por videoconferência. Ele já havia prestado depoimento no dia 8, e reiterou a versão de que emprestou seus documentos para Cortegoso, mas não sabia para qual finalidade eles seriam usados.

Rogério Zanardo e Rodrigo Zanardo

No mesmo dia, os irmãos Rogério Zanardo e Rodrigo Zanardo, apontados como donos da Rede Seg Gráfica, confirmaram em depoimento que prestaram serviços à chapa Dilma-Temer, mas negaram serem os proprietários da empresa.

Pedidos de Dilma e Temer negados 

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou dois pedidos de Dilma e um do PMDB. A defesa da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) protocolou duas petições afirmando haver falhas na perícia contábil e no relatório da Polícia Federal que apontou a existência de ‘laranjas’ que teriam sido usados para desviar recursos da campanha da chapa Dilma-Temer. A presidente cassada pediu perícia em 8 mil documentos, que formavam 37 volumes. O relator da ação, ministro Herman Benjamin, alegou que a maioria dos documentos não era relevante para o processo.

A defesa da petista também pediu diligências complementares em seis gráficas, o que foi novamente negado. "Não é cabível determinar a realização de diligências complementares nas empresas Margraf, Graftec, Vitalia, Ultraprint, CRLS e Paperman, na forma requerida pela representada Dilma Rousseff. Tais empresas, ainda que tenham participado de irregularidades, não figuraram como fornecedoras da campanha eleitoral da chapa Dilma-Temer em 2014", determinou Herman. Já o PMDB pediu para ingressar na ação como "assistente simples", para auxiliar na defesa de Michel Temer. O pedido foi negado por unanimidade.

Agenda

Publicidade

Nos próximos dias, estão previstos mais quatro depoimentos de executivos da Odebrecht. Na quinta-feira, serão ouvidos Benedicto Barbosa da Silva Junior (ex-diretor da Odebrecht Infraestrutura) e Fernando Reis (ex-diretor da Odebrecht Ambiental), no Rio, e na próxima segunda-feira, 6, Cláudio Melo Filho (ex-diretor de Relações Institucionais) e Alexandrino de Salles Ramos, em Brasília. Os depoimentos serão mantidos em sigilo. 

Os depoimentos serão conduzidos pelo relator do caso, ministro Herman Benjamin. Em dezembro do ano passado, Benjamin disse que ficou "impressionado" como o "esquema" de doação para a chapa era visto com "naturalidade" pelos seus agentes. Em entrevista ao Estado, o ministro afirmou que não estava preocupado com a opinião pública, mas em "fazer justiça" na ação.