Relatório da Comissão da Verdade será entregue em sala fechada

Evento discreto programado para amanhã contrasta com cerimônia de 2012, quando grupo que apura abusos da ditadura foi instalado por Dilma

PUBLICIDADE

Por Roldão Arruda
Atualização:

Por decisão do Palácio do Planalto, a entrega do relatório final da Comissão Nacional da Verdade à presidente Dilma Rousseff amanhã, em Brasília, será realizada de forma bem mais discreta do que o ato de instalação da comissão, em maio de 2012. Segundo informações repassadas aos seis integrantes da comissão, Dilma vai recebê-los às 9 horas numa audiência fechada, devendo sair logo em seguida para outros compromissos já agendados para o dia. Em 2012, a Presidência da República instalou a comissão durante uma audiência pública, com a presença de todos os ministros do governo e dos três comandantes militares. Também foram convidados e participaram daquela cerimônia os presidentes do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, assim com ex-presidentes da República. Lá estavam, lado a lado, Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor de Mello e José Sarney. A decisão do Palácio do Planalto de ser discreto na entrega do relatório surpreendeu integrantes da comissão. Desde o primeiro semestre, quando ficou acertado que ela ocorreria a 10 de dezembro, Dia Mundial dos Direitos Humanos, acreditava-se que teria destaque igual ou até maior que o da instalação da comissão. Seria uma forma de acompanhar a recomendação da Organização das Nações Unidas para que sejam realizados grandes eventos públicos na data para lembrar a importância do respeito aos direitos humanos. A comissão foi criada em 2011, por meio da Lei 12.528, aprovada no Congresso por meio de um acordo de lideranças. A instalação ocorreu no ano seguinte. Na audiência de amanhã, a presidente receberá os seis integrantes do grupo: José Carlos Dias, José Paulo Cavalcanti Filho, Maria Rita Kehl, Paulo Sérgio Pinheiro, Pedro Dallari e Rosa Cardoso. Após 2 anos e 7 meses de trabalho, eles vão entregar o resultado das apurações sobre graves violações de direitos humanos praticadas entre 1946 e 1988, com foco maior no período da ditadura militar, a partir de 1964. Para dar maior divulgação à apresentação do relatório, a comissão e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vão realizar em Brasília, no mesmo dia, à tarde, um encontro com vítimas da repressão e representantes de comissão da verdade estaduais. A comissão também deve ir à Câmara, ao Senado e ao STF. A assessoria da Presidência não respondeu aos questionamentos do Estado sobre o evento de entrega do relatório.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.