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Relator pede arquivamento de processo contra Renan

Para Epitácio Cafeteira, denúncias contra senador são 'ilações não comprovadas'

Por Rosa Costa
Atualização:

O senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) leu nesta quarta-feira, 13, no Conselho de Ética, parecer que manda arquivar a representação do PSOL contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por suposta quebra de decoro parlamentar. A alegação do senador, relator do processo, é de que a denúncia de que Renan teria contas pessoais pagas pela empreiteira Mendes Júnior não passam de "ilações não comprovadas". Cafeteira disse que nos últimos dias fez uma "busca terrível" de documentos para confirmar a acusação feita pela revista Veja, mas que esse trabalho apenas o levou a concluir que está em curso uma campanha difamatória contra o Senado Federal. Antes do início da leitura do parecer, o senador Demósthenes Torres (DEM-GO) chamou a atenção para a tradição existente no Senado de jamais se engavetar uma denúncia sem antes investigá-la. "No Conselho de Ética nós apuramos, a exemplo do que já aconteceu com as representações contra os senadores Antonio Carlos Magalhães, Ney Suassuna, Serys Slhessarenko, Magno Malta e Geraldo Mesquita, apenas na última legislatura", lembrou. Para o senador, ao engavetar sumariamente, o relator deixa dúvidas sobre a denúncia. "Estamos pedindo que vossa excelência siga a tradição da Casa e dê oportunidade de fazer uma investigação ouvindo as pessoas envolvidas, para que possamos decidir com mais justiça", disse. O senador Marcondes Perillo (PSDB-GO) anunciou que pedirá vista do parecer e que seu partido vai apresentar um voto em separado no conselho, na próxima semana. Manifestações Prós e Contras O Conselho de Ética deve ouvir nesta quarta manifestações do senador José Néri (PSOL-PA), partido que entrou com representação contra o presidente do Senado, Renan Calheiros e o advogado de Renan, Eduardo Ferrão. O líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR) avisou que Renan mandou suspender a sessão no plenário para que todas os parlamentares possam acompanhar a sessão do Conselho de Ética pela TV Senado. Se houvesse sessão a prioridade de transmissão seria do plenário. Entre as defesas feitas a Renan destaca-se a do senador Gilvan Borges (PMDB-AP). Segundo ele, "a vida privada do presidente do Senado está sangrando". No seu parecer, Cafeteira afirma que todos os fatos narrados na representação do PSOL "foram cabalmente esclarecidos, ficando demonstrado que os recursos questionados saíram de sua conta bancária e que todos eles tiveram origem lícita". Cafeteira permitiu a manifestação do advogado de Renan, na sessão do Conselho, mas considerou desnecessário ouvir o depoimento da jornalista Mônica Veloso, com quem Renan tem uma filha de 3 anos de idade, e que em entrevista à revista Veja afirmou que muitas vezes recebia o pagamento do aluguel do seu apartamento e da pensão alimentícia na sede da empreiteira Mendes Junior em Brasília, das mãos do lobista Cláudio Gontijo. Veja as acusações contra o presidente do Senado: Operação Navalha - As conversas gravadas pela PF apontam que o ex-secretário de Infra-estrutura de Alagoas, Adeílson Teixeira Bezerra, junto com outros acusados de integrar o esquema de fraudes em licitações de obras, articulavam para que Renan pressionasse a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a liberar recursos para obras fraudadas. Relação com lobista - A revista Veja publicou que de janeiro de 2004 a dezembro do ano passado o lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior, teria pago pensão mensal de R$ 12 mil para uma filha de três anos que o senador tem com a jornalista Mônica Veloso. Renan argumenta que o dinheiro da pensão vem de rendimento de atividades agropecuárias, que recebeu uma herança. "Laranjas" - Já o jornal O Globo também publicou que Renan e seu irmão Olavo são acusados de ocultar que são donos de propriedades rurais na região de Murici, Alagoas. Dimário Cavalcante, primo de Renan, alega que vendeu ao senador a Fazenda Novo Largo, que não consta da declaração de bens entregue pelo senador à Justiça Eleitoral. A suspeita é de que Renan use "laranjas" para esconder ser donos de fazendas em Alagoas. Texto atualizado às 15h10

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