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Relator do caso Vargas no Conselho de Ética da Câmara critica pedido de vista

Para Júlio Delgado (PSB-MG), 'medida protelatória' de Zé Geraldo (PT-PA) deve adiar votação sobre cassação do deputado licenciado para as vésperas da eleição

Por Erich Decat
Atualização:

Brasília - Relator do parecer favorável à admissibilidade do processo contra André Vargas (PT-PR), o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) criticou nesta terça-feira, 21, a manobra regimental adotada pelo colega Zé Geraldo (PT-PA), que, com um pedido de vista, adiou a discussão. Nos cálculos do mineiro, com o adiamento da discussão, a tendência é que o parecer final, em que poderá constar um pedido de cassação de Vargas, seja votado apenas na véspera das eleições de outubro. O parecer pela aadmissibilidade discutido esta terça na Comissão não trata da questão de mérito mas apenas se o processo deve ter continuidade, ou não, no colegiado. Após o início da sessão desta terça-feira, o deputado Zé Geraldo pediu vista (mais prazo para análise do processo). Em seguida, o presidente do Conselho, Ricardo Izar (PSD-SP), determinou que o colegiado voltasse a se reunir apenas na próxima terça-feira, 29."No dia da designação da relatoria desse processo, nós dissemos que, dependendo do andamento que eles iam dar a esse procedimento, a gente poderia terminar antes do início da Copa do Mundo e até o recesso parlamentar, que é dia 18 de julho. Já no primeiro momento, que é o da admissibilidade, há um pedido de vista, que é um pedido protelatório", afirmou Delgado após a sessão."Se nós vamos votar no início de maio a admissibilidade. Aprovado [relatório preliminar], é aberto tempo para direito de defesa, no prazo de dez dias úteis, depois acontecem as oitivas das testemunhas. Dessa forma, vamos entrar em maio e junho adentro e aí eu volto a dizer: vai depender da dinâmica do deputado André Vargas e do Partido dos Trabalhadores se eles têm interesse em estender esse processo para além do recesso parlamentar ou se a gente pode esgotá-lo até 18 de julho", ressaltou o relator.Nos cálculos dele, a discussão do parecer final pode ocorrer apenas na véspera das eleições de outubro. Antes do pedido de vista feito por Zé Geraldo, o relator apresentou o parecer para que o processo prosseguisse em discussão no colegiado. "Há reportagens que relacionam a ele os fatos narrados e, ao menos em tese, o fornecimento de informações privilegiadas e a intermediação de interesses de terceiro junto a ministério, aliada a recebimento de vantagens, pode constituir ato incompatível ao decoro parlamentar" afirmou Delgado durante a leitura do documento. Ligações perigosas. O Conselho de Ética investiga a relação entre André Vargas e o doleiro Alberto Youssef preso na operação Lava Jato da Polícia Federal. O petista também é alvo de um outro processo disciplinar no conselho de ética do próprio partido que também deverá investigar sobre o mesmo tema. Desde que foi revelado que o paranaense usou um jatinho emprestado pelo doleiro, integrantes da cúpula do PT vêm pedido que o deputado renuncie ao mandato. A iniciativa serviria para "estancar o sangramento" do deputado e do partido em um momento pré-eleitoral.O deputado chegou a sinalizar que iria abrir mão do cargo na semana passada, e, após recuar da decisão, passou a ser alvo de fortes criticas de integrantes da Executiva Nacional do PT. "A renúncia é uma decisão pessoal. Nem eu, nem o PT podemos obrigá-lo. Mas seria bom para ele se o fizesse. E agora", afirmou ao Broadcast Político na última sexta-feira. 18, o presidente nacional do PT, Rui Falcão.

 

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