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Relator do caso Renan deve dar parecer nesta quarta

Oposição teme que Cafeteira engavete processo antes de abrir investigação

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Por Redação
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A decisão tomada pelo senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), relator do processo contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por suspeita de quebra de decoro, será conhecida nesta quarta-feira na reunião que ele terá, às 13 horas, com os demais membros do Conselho de Ética. Até agora, Cafeteira tem se limitado a analisar os documentos do caso, evitando sinalizar sua posição. O relator recebeu na terça-feira o depoimento que o lobista da Mendes Júnior Cláudio Gontijo deu na semana passada ao corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP). Gontijo reiterou a versão de Renan, dizendo a Tuma que só repassava à jornalista Mônica Veloso os R$ 12 mil do aluguel e da pensão alimentícia que ela recebia do senador. O lobista acrescentou que em algumas ocasiões depositou o dinheiro na conta da jornalista, sem se identificar. Mônica, porém, negou essa informação, em entrevista à revista Veja. Ela afirmou que se deslocava até a sede da empreiteira, em Brasília, para receber o dinheiros das mãos do lobista. A Corregedoria do Senado está realizando o cruzamento entre o que a jornalista disse ter recebido e os dados bancários que Renan entregou para provar que tinha na sua conta recursos suficientes para bancar as despesas. O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, disponibilizou um técnico para ajudar no trabalho. Engavetamento Na avaliação de Tuma, sem esses dados do cruzamento, que ele espera passar ao relator ainda esta semana, Cafeteira não tem condições de dar um parecer confiável sobre o processo. Ainda assim, aliados do presidente do Senado acreditam que o relator pode engavetar o processo, sem nem mesmo abrir a investigação. A presidente do PSOL, ex-senadora Heloísa Helena (AL), afirmou que se o engavetamento da denúncia se confirmar o partido vai entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) e uma representação no Ministério Público por crime contra a administração pública. Ou seja, vai alegar que as contradições nas declarações de Mônica e de Renan reforçam a suspeita de que a empreiteira Mendes Júnior estaria custeando despesas pessoais de um parlamentar com condições de favorecê-la na distribuição de verbas do Orçamento-Geral da União e nas licitações de obras públicas. Os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Renato Casagrande (PSB-ES) são contrários à hipótese de encerrar o processo às pressas. Na opinião do petista, a medida só ajudaria a prejudicar a imagem do Senado. "É preciso aprofundar a apuração para que não fiquem dúvidas", argumentou Suplicy. Já os senadores tucanos estão num impasse. De um lado, não querem se opor a Renan, com quem mantêm um ótimo relacionamento. Mas, de outro lado, tampouco têm intenção de compartilhar o constrangimento de inocentá-lo previamente, antes de investigar a denúncia. Se Cafeteira optar mesmo pelo engavetamento do processo, o presidente do Conselho de Ética, Sibá Machado (PT-AC), prevê que haverá pedido de vista por iniciativa dos senadores Jefferson Péres (PDT-AM) e Demóstenes Torres (DEM-GO). Nesse caso, ainda de acordo com Sibá, a votação do parecer do relator ficará para a próxima terça-feira.

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