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Análise e bastidores de política e economia

Reforçar a pinguela

A ordem no governo é se segurar até 2018

Por Vera Magalhães
Atualização:

A despeito do agravamento da crise política e da pesquisa Datafolha que mostra a queda vertiginosa da aprovação a Michel Temer, com apoio à sua renúncia e a realização de eleições diretas, a ordem no governo é se segurar até 2018.

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Tragados junto com o PMDB de Temer para o olho do furacão da delação da Odebrecht, os partidos aliados, por ora, estão dispostos a “reforçar a pinguela”, adjetivo dado por Fernando Henrique Cardoso ao mandato-tampão do presidente, e reforçado pelas revelações da primeira de 77 delações da principal empreiteira do País.

O discurso uníssono é de que é necessário separar o “joio” (enriquecimento ilícito por meio de propina) do “trigo” (financiamento de campanha conforme a cultura política amplamente aceita).

Temer e Aécio Neves se reúnem nesta segunda-feira. Aliados do presidente apostam todas as fichas no discurso de que é preciso tocar a pauta econômica, e não ficar “refém” da agenda da Lava Jato. 

Auxiliares palacianos minimizam as revelações de Cláudio Melo Filho, o lobista cuja delação vazou. Dizem que fatos por ele narrados são “incongruentes” e que muitos pleitos (projetos no Congresso, ações do Executivo) pelos quais ele diz que a empreiteira pagou a aliados do governo não se concretizaram. 

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Por fim, minimizam a importância de Romero Jucá, Eliseu Padilha e Moreira Franco nos últimos anos: o resolvedor de problemas na Câmara seria Eduardo Cunha – que, afinal, já é carta fora do baralho – , e não os fiéis escudeiros do presidente.

DIRETASAliados de Temer veem tempo exíguo para eleição Diante do crescimento do coro por “Diretas-Já” nas ruas e em setores do Congresso, aliados do governo ainda se mostram confiantes de que não haverá tempo hábil para se aprovar uma emenda constitucional para isso no ano que vem. Além disso, o fato de a cúpula do Legislativo também estar no glossário de apelidos da Odebrecht reforçaria a falta de legitimidade de deputados e senadores para fixarem eleições só para a Presidência.

TSE Governo aposta em maioria anticassação Em outra frente que inspira cuidados, o governo calcula que terá maioria entre os 11 ministros do Tribunal Superior Eleitoral para evitar que o tsunami da Odebrecht leve à cassação de Temer. Ainda que o relator, Herman Benjamin, esteja dando mostras de que pode votar pela perda do mandato, está no cálculo do Planalto o fim do mandato de dois ministros – Luciana Lóssio e Henrique Neves – até abril. O governo está seguro de que o julgamento não será marcado antes disso.

VAI FICANDO Presidente não pensa em demitir Padilha Alvejado na testa pela delação de Cláudio Melo Filho e alvo de investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, Eliseu Padilha não corre risco de demissão imediata da Casa Civil por ora, garantem interlocutores do presidente. Ele é considerado peça-chave na votação da reforma da Previdência e, mais que Geddel Vieira Lima e Moreira Franco, é visto como “quem fala em nome do presidente”.

TERMÔMETRO Delação vazada seria ‘top 5’ no rol da Odebrecht O abalo sísmico provocado pela primeira delação a vazar do acordo da principal empreiteira do País levou pânico às hostes políticas. Procuradores e advogados que acompanham a delação classificam Cláudio Melo Filho, o “homem de Brasília”, como um dos “top 5” em grau de octanagem das revelações. Um dos mais “tóxicos”, alertam os insiders, será Benedicto Junior, ex-presidente da construtora. O cálculo do número de políticos envolvidos na delação da empresa já passa de 200.

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REFORMAS Maioria dos brasileiros desconhece propostas As principais propostas que estão em discussão no Congresso são desconhecidas pela população. É o que mostra a pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira, feita pelo Ibope Inteligência para a CNI (Confederação Nacional da Indústria). Só 43% dizem conhecer a reforma da Previdência e só 33% estão cientes da proposta que fixa o teto de gastos federais.