PUBLICIDADE

PT vai acionar Barusco na Justiça e questiona força-tarefa da Lava Jato

Presidente do partido cobra investigação de suspeitas no governo FHC e chama Barusco, que relatou propina à sigla, de ‘bandido’

Foto do author Beatriz Bulla
Por Ricardo Galhardo e Beatriz Bulla
Atualização:

Atualizado às 23h00

PUBLICIDADE

São Paulo - Acuado por acusações de receber dinheiro do esquema de corrupção da Petrobrás, o PT decidiu sair das cordas e partiu para o contra-ataque. O presidente nacional do partido, Rui Falcão, anunciou nesta quarta-feira, 11, cinco medidas contra a força-tarefa da Operação Lava Jato e contra delatores do esquema. O partido pede que indícios de corrupção no governo do PSDB também sejam investigados.

No alvo do PT estão o ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco, que acusou a sigla de ter recebido US$ 200 milhões do esquema, além de delegados da Polícia Federal e procuradores da República que integram a força-tarefa da Lava Jato. O PT questiona o fato de a operação restringir o foco aos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, apesar de indícios de que o esquema teria começado no governo Fernando Henrique Cardoso.

O juiz da 15.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, Sérgio Moro, foi estrategicamente poupado de ataques públicos, embora internamente também seja criticado. O PT chegou a cogitar representações contra os advogados dos réus que fizeram delações premiadas, mas desistiu da ideia. 

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, na sede do partido em São Paulo Foto: Gabriela Bilo/Estadão

" STYLE="FLOAT: LEFT; MARGIN: 10PX 10PX 10PX 0PX;

Segundo Falcão, as ações não significam uma tentativa de cercear as investigações, e sim um esforço para evitar a “criminalização” do partido, a fim de tirá-lo do jogo político. 

Ação. O dirigente chegou a chamar Barusco de “bandido” ao anunciar que ele será interpelado civil e criminalmente para dizer a quem teria pago os US$ 200 milhões em propinas. Falcão negou “cabalmente” que doações feitas ao PT tenham sido fruto de triangulação com empreiteiras contratadas pela estatal. “Se disserem que a gente recebeu dinheiro de propina, é porque todos os demais (partidos) também receberam.”

Publicidade

Além da ação contra Barusco, o PT decidiu enviar duas representações à direção-geral da PF. A primeira pede abertura de sindicância para averiguar vazamentos. A segunda questiona o fato de os policiais não terem feitos perguntas a Barusco sobre o PSDB, embora o ex-gerente tenha dito que recebia propinas desde 1997. O partido também cita reportagem do Estado que revelou postagens de teor antipetista feitas por delegados da PF em redes sociais.

A quarta ação é endereçada ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Além de questionar o critério para designação dos procuradores da Lava Jato, o partido quer saber se partiu do Ministério Público Federal ou da PF a restrição das perguntas dos interrogatórios aos governos Lula e Dilma.

Por fim, o PT decidiu acionar o ministro da Justiça, o petista José Eduardo Cardozo, para que tome as medidas que “julgar necessárias no âmbito do cargo”. 

Todas as ações fazem parte da estratégia do PT de levar a oposição para o centro do escândalo. Nesta quarta, o líder do PT na Câmara, Sibá Machado (PT-AC), entregou representação à Procuradoria-Geral da República para que a Lava Jato investigue possíveis crimes cometidos antes de 2003. “Para fazer uma investigação à luz do dia que de fato ponha as cartas na mesa, não se pode omitir absolutamente nada. Qualquer omissão numa hora dessa gera muitas desconfianças.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.