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PT sugere a Lula o Plano de Aceleração dos Cargos

Plano de petistas insatisfeitos com falta de espaço ironiza o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), grande aposta para o segundo mandato do governo Lula

Por Agencia Estado
Atualização:

Dois dias de reunião do Diretório Nacional do PT, em Brasília, foram suficientes para escancarar a insatisfação do partido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Contrariados com a falta do espaço desejado no governo, petistas chegaram a sugerir no encontro, a portas fechadas, deste sábado, 21, que Lula lançasse o Plano de Aceleração de Cargos no PT, uma referência irônica ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a grande aposta do presidente para o segundo mandato. "Se o governo é de coalizão, também deveria haver uma coalizão interna, com todas as correntes representadas no governo", reclamou o secretário de Organização do partido, Romênio Pereira. "Não foi o PMDB que elegeu Lula", emendou, mencionando o poder do novo aliado, que hoje comanda cinco ministérios. Integrante do "Movimento PT", a mesma tendência do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), Pereira abriu o coro das críticas logo no primeiro dia da reunião, na sexta-feira. Teve o apoio até de colegas do antigo Campo Majoritário, a corrente de Lula, que detém a maioria dos cargos reservados ao PT no primeiro escalão. "Existe uma preocupação para que haja equilíbrio de forças no governo e eu considero importante a participação do `Movimento PT" não necessariamente nos ministérios, mas nas estatais", afirmou o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). Insatisfação A comissão encarregada de discutir os cargos do partido vai expor nesta semana a insatisfação petista aos ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Paulo Bernardo (Planejamento), Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência) e Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais). A indicação do filósofo Roberto Mangabeira Unger (PRB) para ministro-chefe da Secretaria de Ações de Longo Prazo serviu para engrossar ainda mais o coro das críticas ao comportamento de Lula. Em conversas reservadas, petistas diziam que o presidente alega ter cobertor curto para abrigar os companheiros, mas "quando quer, ele dá um jeito". Mangabeira foi um dos mais ácidos críticos do presidente. Em 2005, definiu o governo do PT como "o mais corrupto da história" e chegou a defender o impeachment. Coalizão Lula também abrigou no Ministério da Integração Nacional, em nome da coalizão, o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), outro ferrenho opositor do governo. Não sem motivo: na campanha de 2006, Geddel aproximou-se de Jaques Wagner e ajudou a elegê-lo governador da Bahia. Mas os afagos de Lula ao PMDB não param aí. No jantar com dirigentes e parlamentares do partido, há doze dias, o presidente não poupou elogios a novos aliados que eram inimigos num passado não muito distante, como o deputado Jader Barbalho (PMDB-PA) e o ex-governador paulista Orestes Quércia. Não é apenas a distribuição de cargos, porém, que mostra o descompasso entre Lula e o PT. Na reunião do Diretório Nacional, o partido excluiu o fim da reeleição da proposta de reforma política que vai defender. O pacote petista da reforma engloba fidelidade partidária, financiamento público de campanhas, lista fechada de candidatos para votação e defesa da convocação de plebiscitos com autorização do Congresso, mas não mexe no vespeiro da reeleição. Embora nos tempos de oposição o PT tenha sido contrário a dois mandatos ininterruptos, agora não há consenso sobre o tema. Petistas avaliam que o fim da reeleição só beneficia o PSDB, que tem dois potenciais candidatos à Presidência: os governadores José Serra, de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas Gerais. Lula não pensa assim.

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