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PT reconhece que precisa dar Chacoalhada

Independentemente do resultado da eleição, cúpula do partido planeja reaproximação com jovens e movimentos sociais

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Por Ricardo Galhardo
Atualização:

Seja qual for o resultado das urnas neste domingo, o PT passará por um profundo processo de reformulação depois das eleições. Demanda das correntes minoritárias há anos, a reforma da estrutura e dos métodos partidários agora tem um patrono de peso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segunda-feira passada, no caminho entre Itaquera e o Tuca, em Perdizes, Lula foi indagado se pretendia tirar férias depois da eleição. “Não. Quero aproveitar enquanto a Dilma estiver montando o novo governo para me dedicar ao PT”, respondeu, otimista. Um mês antes, Lula já havia conversado com o presidente nacional do partido, Rui Falcão, sobre a necessidade de dar uma “chacoalhada” no PT. O principal objetivo do ex-presidente é abrir as estruturas partidárias para a aproximação da juventude, especialmente as novas formas de organização política que protagonizaram os protestos de junho de 2013, a intelectualidade e os movimentos sociais que deram as bases para a fundação do partido e acabaram repelidos pela disputa interna.

No ABC, Lula comanda passeata de apoio a Dilma em São Bernardo. Foto: Fábio Motta/Estadão

Além da disposição de Lula, a força da militância espontânea pela reeleição de Dilma no 2.º turno serviu para reforçar a necessidade de rever práticas partidárias cristalizadas desde que o PT se tornou potência eleitoral. “Estamos recebendo um sopro da chamada opinião pública petista”, disse Joaquim Soriano, da Fundação Perseu Abramo. A renovação, no entanto, esbarra na estrutura partidária marcada pela eterna disputa entre as forças internas que ocupam todos os espaços. Isso afasta a juventude organizada em redes e coletivos, intelectuais e movimentos sociais. “O PT se afastou dos movimentos e foi atuar como partido tradicional, com alianças parlamentares cujo objetivo é tempo na TV”, disse Raimundo Bonfim, petista e coordenador da Central de Movimentos Populares. Ninguém tem uma fórmula para a reforma do PT, mas a necessidade de mudança é quase unanimidade no partido. Uma das propostas em pauta é o fim do Processo de Eleições Diretas (PED), que, para alguns, reduziu o papel das correntes minoritárias e está contaminado por práticas contestáveis. “Virou um processo que, em alguns aspectos, tem os defeitos que criticamos nas eleições”, alegou o secretário de Movimentos Sociais, Bruno Elias.Ética. No Encontro Nacional do ano passado, o partido aprovou cláusula que limita a três o número de mandatos dos parlamentares petistas a partir da atual legislatura. Muita gente não levou a sério, mas Falcão já avisou que a norma será cumprida. O objetivo é quebrar os projetos pessoais dentro do PT. O maior dos problemas a ser enfrentado, porém, é a deterioração ética do PT. O partido avalia que a prisão dos condenados no mensalão, os escândalos de corrupção, os casos André Vargas e Luiz Moura, forjaram o sentimento antipetista que se manifestou na corrida eleitoral. Para isso, o PT aposta na reforma política com o fim do financiamento privado de campanhas. “A questão da ética está ligada à presença do dinheiro. Temos que tirar o dinheiro da atividade política por inteiro”, defende Soriano.

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