'PSDB não é madame Bovary', diz chanceler tucano

Aloysio Nunes faz referência à personagem de clássico da literatura do século 19 que trai um marido insosso

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Por Cláudia Trevisan e correspondente
Atualização:

WASHINGTON - O ministro das Relações Exteriores, o tucano Aloysio Nunes Ferreira, evocou o clássico do escritor francês Gustave Flaubert para defender a lealdade de seu partido com o governo Michel Temer: “O PSDB não é madame Bovary”, afirmou, em referência à personagem do século 19 que trai um marido insosso e, acossada por dívidas, tem um fim trágico.

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, com o chanceler brasileiro, Aloysio Nunes (PSDB), neste 2 de junho, na sede do Departamento de Estado, em Washington (EUA) Foto: Jacquelyn Martin/AP

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Aloysio se recusou a responder se continuará no cargo caso sua legenda desembarque da administração. “Eu não vou falar sobre isso. Eu sou ministro, eu apoio o presidente Temer e creio que o PSDB não vai sair do governo.”

Companheiro de chapa de Aécio Neves (PSDB-MG) em 2014, o ministro declarou “solidariedade” ao senador afastado que é alvo de cinco inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF). “Eu vejo com muita tristeza”, declarou Aloysio em relação às acusações. “Na minha visão, a prisão da irmã dele (Andrea Neves) não se justifica do ponto de vista do processo penal. Ele está se defendendo e espero que ele consiga enfrentar bem e ter bom resultado”, disse o ministro.

Perguntado se a posição de Aécio é defensável, ele respondeu: “Claro que é defensável. Mas é uma coisa que vai ser decidida pelos tribunais. Ele tem a minha solidariedade pessoal, é meu amigo, companheiro”.

O ministro defendeu celeridade no julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Quanto antes resolver, melhor”, afirmou. “Estou otimista quanto ao resultado do julgamento pela minha própria experiência. Eu fui candidato a vice-presidente em 2014 e minha prestação de contas foi distinta da prestação de contas do Aécio.”

Apesar da turbulência política, Aloysio se mostrou confiante com a aprovação das reformas, mas reconheceu os obstáculos enfrentadas pela reforma da Previdência. “Todos os países que se engajaram em reforma da Previdência tiveram dificuldades enormes em aprová-las”, disse.

Agenda. Aloysio se reuniu na manhã desta sexta-feira, 2, em Washington com o secretário de Estado americano, Rex Tillerson. Ambos aprovaram uma agenda de trabalho pouco ambiciosa, que pode levar a resultados concretos no curto prazo. No elenco não estão a negociação de um acordo de bitributação nem a negociação de um tratado de livre comércio, dois pontos defendidos pelo setor privado. Também está fora da agenda a aprovação do Global Entry, o sistema que permite entrada rápida nos EUA para visitantes frequentes.

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Os dez pontos são focados em facilitação de comércio, cooperação nas áreas de defesa e segurança, indústria de equipamentos médicos, parceria no setor de aviação, agricultura, infraestrutura e energia, economia digital e mudanças que possam permitir o lançamento de satélites na base de Alcântara, no Maranhão.