PUBLICIDADE

Procurador da Lava Jato diz que delação da Odebrecht é o motivo de anistia ao caixa 2

Integrante da Força-Tarefa insinuou que os parlamentares estão 'em polvorosa' com a delação negociada pela empreiteira

Foto do author Beatriz Bulla
Por Beatriz Bulla
Atualização:
O procurador da República, Carlos Fernando dos Santos Lima Foto: Gisele Pimenta|Frame

BRASÍLIA - O procurador regional da República e integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba Carlos Fernando dos Santos Lima disse nesta quinta-feira, 24, que a articulação do Congresso para anistiar o caixa 2 é uma tentativa, na verdade, de conseguir um perdão para os crimes de corrupção. Em debate em Brasília, o procurador insinuou que os parlamentares estão "em polvorosa" com a delação negociada pela Odebrecht, na reta final de ser celebrada, e por isso tentam uma "salvação" no Congresso.

PUBLICIDADE

"Temos talvez uma grande colaboração a ser celebrada essa semana. Não é à toa que o Congresso Nacional está em polvorosa. Há muitos necessitados de salvação entre deputados e senadores e são eles que estão agora abandonando todo o pudor lutando pela sua sobrevivência", disse Carlos Fernando.

Em discurso duro, ele foi crítico à repatriação de recursos e à reação do Congresso que tenta alterar o pacote das medidas medidas contra a corrupção. Segundo ele, hoje "não é dia de luva de pelica, é dia de luva de boxe", para conseguir aprovar as medidas na sua essência. 

O plenário da Câmara se reúne nesta quinta para votar o relatório do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) com as propostas de combate à corrupção baseadas das 10 Medidas contra a corrupção elaboradas pelo Ministério Público Federal. Líderes de praticamente todos os partidos, com exceção da Rede e do PSOL, no entanto, articulam para tentarderrubar o texto do relator Lorenzoni e aprovar um projeto substitutivo no plenário da Casa. O novo texto deverá incluir as duas medidas que ficaram de fora do pacote aprovado nesta quarta: a anistia à prática do caixa 2 nas campanhas eleitorais e a previsão de punir magistrados e integrantes do Ministério Público Federal por crime de responsabilidade.

"A ideia de se anistiar caixa 2 é falsa. O que se pretende é anistiar corrupção. (...) O que está se pensando no Congresso Nacional é uma anistia aos que em troca de contratos públicos receberam valores. Isto não é crime de caixa 2. Isto é corrupção", disse Carlos Fernando.

Segundo o procurador, presos da Lava Jato e do mensalão deveriam sair da cadeia se a anistia for aprovada."José Dirceu terá direito de ser liberado no dia seguinte da sanção dessa lei. A redação do que vai ser apresentado essa noite vai incluir corrupção, vai incluir anistia para lavagem de dinheiro. Se aprovada, todo o trabalho desde o mensalão irá para o lixo", afirmou, em evento organizado na Procuradoria-Geral da República nesta manhã, em que procuradores fazem debate sobre as medidas junto com representantes da Organização das Nações Unidas (ONU).

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.