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Prévias do PSDB para a Prefeitura de São Paulo acentuam divisão na legenda

João Doria, apoiado pelo governador Alckmin, e Andrea Matarazzo, apadrinhado por Serra e Fernando Henrique, foram os mais votados e vão se enfrentar no segundo turno da disputa; mobilização de filiados é marcada por agressões e tumultos

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Foto do author Pedro  Venceslau
Por Pedro Venceslau , Ricardo Chapola e Ana Fernandes
Atualização:
  Foto: FELIPE RAU | ESTADÃO CONTEÚDO

São Paulo - O empresário João Doria, que é apoiado pelo governador Geraldo Alckmin, e o vereador Andrea Matarazzo, que tem como “padrinhos” o senador José Serra e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, foram os mais votados ontem no primeiro turno das prévias tucanas para escolher o candidato do partido a prefeito de São Paulo. Doria, que obteve 2.681 votos, e Matarazzo com 2.045 votos, vão se enfrentar no segundo turno da disputa, no dia 20 de março. A apuração da votação se estendeu até a madrugada de hoje.

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A votação, marcada por episódios de tumulto e agressões entre militantes dos pré-candidatos, escancarou as divisões internas da legenda, deixando claro que a disputa municipal foi contaminada pelo horizonte eleitoral de 2018 e mostrando que o PSDB paulistano terá sérias dificuldades pela frente.

O terceiro postulante, deputado federal Ricardo Tripoli, apoiado pelo deputado Bruno Covas e pelo ex-deputado José Aníbal, ficou em terceiro lugar com 1.387 votos. O resultado do primeiro turno, porém, não foi homologado porque há divergências sobre o resultado de algumas sessões eleitorais, onde ocorreram problemas com as urnas.

Impugnação. A mobilização eleitoral, além das brigas de militantes, foi marcada também por trocas de acusações entre os políticos envolvidos na disputa. Após a votação, no fim do dia, aliados de Matarazzo e de Tripoli se uniram para tentar impugnar a pré-candidatura de Doria.

O ex-governador Alberto Goldman, que apoia Matarazzo, e Aníbal, que preside o Instituto Teotônio Vilela, enviaram à direção da legenda uma petição acusando Doria de “condutas ilegais” de propaganda eleitoral, desrespeito à Lei Cidade Limpa e “abuso de poder econômico”. Eles pedem que a inscrição de Doria na prévia do partido seja cancelada.

No pedido de impugnação de candidatura, a dupla diz que houve “nítida propaganda ilegal ostensiva, captação de sufrágio, abuso de poder econômico e transporte em massa de eleitores”.

Único dos três pré-candidatos presente na apuração – que aconteceu na Câmara Municipal –, Doria disse que o partido permitiu a prática de propaganda no dia da votação, inclusive com colocação de cavaletes.

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O presidente do diretório municipal do PSDB, Mário Covas Neto, disse que avaliará o caso “no momento oportuno”.

‘Tapetão’. Em entrevista coletiva ao lado do deputado Silvio Torres, secretário-geral do PSDB, Doria acusou os adversários de tentarem usar o “tapetão” para vencer a disputa. “Mas isso não vai funcionar”, afirmou. Já na madrugada, Matarazzo respondeu afirmando que o empresário quer ganhar a eleição com “o poder econômico e na mão grande”, declaração que provocou um novo princípio de tumulto entre os militantes que acompanhavam a apuração na Câmara Municipal.

A “aliança” entre Tripoli e Matarazzo foi o último lance de uma sequência de choques entre as alas do PSDB. Pela manhã, o governador Geraldo Alckmin declarou pela primeira vez publicamente que apoia Doria nas prévias do PSDB. Acompanhados por um séquito de assessores e aliados, eles foram juntos a um colégio no Morumbi onde o governador votou. “Sem demérito para os demais candidatos, o meu voto vai para o João Doria. Ele traz uma experiência do setor privado. São Paulo está precisando dar uma acelerada”, disse Alckmin.

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“É mais que um apoio formal, porque toda a estrutura do governo (estadual) está mobilizada para isso. De quem é o governo? De uma pessoa só ou do partido? Como é aceitável isso?", questionou Goldman.

A avaliação generalizada entre os tucanos é que o cenário se degradou a tal ponto que será impossível recompor a base da sigla para disputa de outubro. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso optou por se distanciar da polêmica e votou sozinho em Santa Cecília no fim da tarde. A desorganização do cadastro de eleitores do PSDB e problemas técnicos em diversos computadores fez com a apuração, que devia ter sido concluída às 18hs, entrasse pela madrugada.