Presidente se envolve diretamente nas negociações com deputados

Jaques Wagner afirma que ação surtiu efeito; aos que iam ao seugabinete, Dilma exibia planilha com os votos

Por Tania Monteiro e Igor Gadelha
Atualização:

BRASÍLIA - Seis governadores de Estados desembarcaram nessa sexta-feira, 15, em Brasília, para ajudar o governo na luta pela permanência de Dilma Rousseff no cargo: Flávio Dino (PC do B), do Maranhão, Camilo Santana (PT), do Ceará, Rui Costa (PT) Bahia, Waldez Góes (PDT), do Amapá, Ricardo Coutinho (PSB), da Paraíba e Wellington Dias (PT), do Piauí. Dilma se reuniu nessa sexta com todos eles e também recebeu vários deputados de diferentes bancadas.

A presidente Dilma Rousseff Foto: Evaristo Sá|AFP

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O ministro-chefe do Gabinete pessoal de Dilma, Jaques Wagner, afirmou que “o reforço dos governadores surtiu efeito nas bancadas e ampliou nossa vantagem”. Aos que iam ao seu gabinete, a presidente Dilma afirmava que tem os votos para barrar o impeachment e apresentava a sua planilha e anunciava: “ela (a planilha) é confiável”. Segundo fontes, um dos argumentos utilizados foi a ameaça de governadores de que parlamentares percam cargos nos Estados.

Ex-governadores também operaram. A bancada do Ceará, por exemplo, deverá ajudar a presidente com 14 de seus 22 votos. A abertura dos gabinetes de ministros palacianos e da própria presidente Dilma, recebendo deputados no varejo, também levou a algumas “vitórias” do Planalto.

A operação do governo também surtiu efeito no PP. Em reunião, o partido confirmou o fechamento de questão em favor do impeachment, mas aliviou a punição para dissidentes. O presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI), afirmou que a punição será avaliada “caso a caso”, sinalizando que poderá haver alívio na punição em alguns casos.

O tom de tolerância também foi adotado por alguns parlamentares da ala pró-impeachment. O deputado Jerônimo Goergen (RS) afirmou que haverá representação no Conselho de Ética da sigla contra todos os dissidentes, mas ponderou que poderá haver “alívio” em casos como o da Bahia.

De acordo com um membro da cúpula do PP, esse “alívio” poderá ser, por exemplo, fazer uma intervenção no diretório ou aplicar suspensão, em vez de expulsar os parlamentares dissidentes. Na reunião dessa sexta, o vice-governador da Bahia fez a defesa para que os quatro deputados do PP da Bahia não sejam punidos, caso confirmem o voto contra o impeachment, por causa da aliança regional. Leão é aliado do governador baiano, Rui Costa (PT).