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Presidente do Conselho de Ética critica distinção na celeridade de processos de Dilma e Cunha

José Carlos Araújo (PR-BA) desaprova demora no processo por quebra de decoro contra o presidente da Câmara; deputado afirmou que pediria asilo político se Eduardo Cunha assumisse cadeira na Presidência

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Foto do author Julia Lindner
Por Julia Lindner
Atualização:

Brasília - O presidente do Conselho de Ética na Câmara dos Deputados, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), questionou a celeridade da comissão especial do impeachment da presidente Dilma Rousseff, enquanto o processo contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), segue a passos lentos. "Como votar a saída de Dilma e não a de Cunha?", indagou Araújo ao fim da sessão do Conselho desta terça-feira, 22. O parlamentar relembrou que demorou quase três meses para conseguir apreciar o parecer prévio do processo contra Cunha.

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Nesta segunda-feira, 21, último dia do prazo, o presidente da Câmara entregou sua defesa ao processo por quebra de decoro parlamentar. No documento, Cunha pediu o arquivamento porque, na avaliação dos advogados, houve "subversão regimental, ilegalidade ou mesmo vício de qualificação no início do processo".

Na quinta-feira passada, 17, dia em que a comissão especial foi instalada, Cunha afirmou que o impeachment seria "célere, como processo dessa gravidade tem de ser".

O deputado José Carlos Araújo (PR-BA) fez ainda uma brincadeira sobre a possibilidade de Cunha se tornar vice-presidente da República, caso o atual vice, Michel Temer (PMDB), assuma a Presidência no lugar de Dilma. "Já pensou se o Temer viaja e ele (Cunha) senta na cadeira da Presidência? Eu vou ter que pedir asilo político", declarou.

Araújo acredita que, apesar de "ter enfrentado dificuldades" desde o início para dar sequência aos trabalhos no Conselho de Ética, o relatório final deverá ser votado em meados de maio.

O deputado do PR admitiu que o acesso dos membros do Conselho a documentos, delações e inquéritos policiais de outras instituições pode "ampliar" o processo contra Cunha na Câmara. Segundo ele, "nada impede que no curso das investigações apareçam outras evidências e o relator inclua outras denúncias ao processo".

Deputado José Carlos Araújo (PR-BA), presidente do Conselho de Ética na Câmara dos Deputados Foto: Estadão

Nesta terça-feira, o Conselho de Ética aprovou a solicitação de informações ao Supremo Tribunal Federal (STF), que julgará a denúncia de que o presidente da Câmara teria se beneficiado de esquemas da Petrobrás, e à Procuradoria-Geral da República (PGR), que investiga supostas irregularidades cometidas por Cunha, para auxiliar nas investigações.

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Na próxima quarta-feira, 30, o relator do Conselho de Ética, Marcos Rogério (DEM-RO), apresentará o seu plano de trabalho e poderá convocar novas testemunhas. Com a entrega da defesa de Cunha, nesta segunda-feira, começou o prazo de 40 dias úteis para a coleta de provas e marcação de depoimentos.

A entrega do relatório final deve ocorrer, no máximo, até 2 de junho. Depois, Rogério apresentará seu parecer sugerindo uma punição a Cunha, que pode ser o pedido de cassação do parlamentar. Se aprovado pelo Conselho, o relatório segue para votação no plenário da Casa. Cunha é alvo de processo por quebra de decoro, sob acusação de ter mentido à CPI da Petrobrás.