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Presidente da Vox Populi analisa "fenômeno Roseana"

Por Agencia Estado
Atualização:

É prematuro afirmar que a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, já se consolidou no segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para as eleições de 2002. A opinião é do presidente do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, ao analisar o chamado "fenômeno Roseana". Segundo ele, a margem de erro da pesquisa Ibope, divulgada na última terça-feira, é de 2,2%, o que aproximaria Roseana, com 16% das intenções, do terceiro lugar, ocupado por Ciro Gomes com 10%. "Com dois a menos e com dois a mais, Roseana ficaria com 14% e Ciro, com 12%", ponderou Coimbra. Na avaliação dele, há um bloco de candidatos, citando Ciro, Itamar Franco, Anthony Garotinho e Roseana, que tem oscilado nas pesquisas em função de uma série de fatores, como exposição maior ou menor na mídia, denúncias, equívocos ou questionamentos sobre suas candidaturas. "Hoje a diferença entre Ciro, Itamar, Garotinho e Roseana é pequena", disse Coimbra, não dando importância ao potencial de crescimento da candidatura Roseana que, segundo o Ibope, é maior do que o dos outros candidatos. O presidente do Vox Populi não acredita que o potencial de uma outra candidatura de oposição seja eliminado ou reduzido à medida que a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 31% das intenção de voto. "Ainda é cedo para eliminar qualquer coisa", disse. Na opinião de Coimbra, neste momento, a dez meses da eleição presidencial, o eleitor enxerga os candidatos "com os olhos do presente". Assim, Roseana, que passa "uma imagem apolítica, ligada à maternidade e à família", conquista um voto que poderá migrar para outro candidato no futuro. Em algum ponto da disputa, ponderou Coimbra, o eleitor de Roseana talvez não consiga realizar as expectativas criadas em torno da imagem idealizada, frustrando-se e mudando de voto. Imagem de Lula ainda atrapalha Marcos Coimbra acredita que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem mais chances de vencer a eleição de 2002 do que nas três disputas anteriores, mas os problemas que rondam a candidatura petista são tão graves, que tornam incerto o favoritismo. Na opinião de Coimbra, pode-se dar como certo que Lula irá para o segundo turno, porque o candidato tem dois tipos de eleitores consolidados. De um lado, estão os eleitores partidários que votarão em Lula em qualquer hipótese. Do outro lado, está um eleitor pouco politizado e informado que estabeleceu uma identificação com o candidato do PT ao longo das três últimas campanhas presidenciais. Cada um desses dois grupos é formado por cerca de 13% do eleitorado. Outros 5% vêm de um voto de oposição ao governo FHC, somando os 31% de intenções de voto, registrados na última pesquisa Ibope. "Mas os velhos problemas de imagem de Lula estão intocados", afirmou o presidente do Vox Populi, citando a falta de experiência administrativa e de formação educacional de Lula. Embora a rejeição à candidatura de Lula tenha caído, ainda é de 40%, segundo a última pesquisa Ibope. Interesse Para Coimbra, é um erro imaginar que a eleição presidencial de 2002 só começará a ser definida com o início do horário de propaganda eleitoral gratuita na TV, na terceira semana de agosto. O interesse do eleitor pela disputa deve despertar no segundo trimestre, entre abril e maio. Ele faz a afirmação baseado na experiência acumulada ao acompanhar as últimas eleições presidenciais, municipais e estaduais. Em 1989, quando começou o horário eleitoral, a candidatura de Fernando Collor de Mello já tinha explodido e os potenciais nomes para o segundo lugar já estavam claros. Tanto em 1994 e 98, por fatores extra eleitorais, a candidatura de Fernando Henrique Cardoso era tida como vitoriosa antes dos programas de TV e Lula era o favorito para o segundo lugar. Nas últimas campanhas estaduais ou municipais, Coimbra só identifica "fenômenos típicos de horário eleitoral" na disputa municipal de 96, quando Celso Pitta, Luís Paulo Conde e Celso Taniguchi surpreenderam na televisão e foram eleitos, respectivamente, prefeitos de São Paulo, Rio e Curitiba. O presidente do Vox Populi também acha uma bobagem imaginar que a Copa do Mundo de futebol, que será finalizada em junho, desviará o interesse do eleitor pela disputa eleitoral. "Não se pode subestimar o eleitor desse jeito", afirma. Popularidade de FHC deve crescer Marcos Coimbra acredita que há uma probabilidade alta de que, ao longo do primeiro semestre de 2002, a popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso cresça. Ele acha que a opinião pública passará a julgar FHC "pelo que ele fez em oito anos de governo", disse Coimbra, antevendo que isso trará pontos para a popularidade presidencial. Na última pesquisa Ibope, divulgada na terça-feira, a avaliação "ótima/bom" do presidente ficou inalterada, em torno de 20%, enquanto a avaliação "regular" somou 40% e "ruim/péssimo" recebeu 37%. Sem experiência anterior de um presidente da República reeleito, o presidente do Vox Populi usou como referência para traçar essa hipótese o que aconteceu com governadores de Estado reeleitos. É comum, de acordo com ele, crises de impopularidade de governadores que têm o segundo mandato comparado com o primeiro, pelo qual foram reeleitos. "Não conseguem se superar e a crise ocorre", disse. No final do segundo mandato, o balanço a ser apresentado ao eleitorado é longo, o que pode favorecer o julgamento. "É claro que o governo não vai ficar inerte. Vai municiar a população de informações sobre como era o País antes e depois de FHC", disse Coimbra. Ainda é cedo, segundo ele, para dizer se um candidato apoiado por FHC será mais beneficiado ou prejudicado. Hoje, todos os potenciais candidatos do PSDB, disse o presidente do Vox Populi, são candidatos do "continuismo absoluto", o que resulta em forte rejeição do eleitor, diferente do que ocorre com Roseana Sarney (PFL). Dentre os tucanos, o ministro da Saúde, José Serra, é o nome mais forte, por ter "mais densidade política" para enfrentar a eleição de 2002, de acordo com Coimbra. "O potencial dele, na pior das hipóteses, é semelhante ao dos outros candidatos do PSDB", completou, descartando a viabilidade da candidatura de Tasso Jereissati.

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