Brasília - O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), considera difícil votar no plenário da Casa o pedido de cassação do deputado André Vargas (sem partido-PR) antes das eleições. O relatório recomendando a perda do mandato foi apresentado ontem no Conselho de Ética, mas ainda precisa ser aprovado pela maioria do colegiado.
Em virtude das campanhas eleitorais e do plenário esvaziado neste período, Alves não descarta a possibilidade de cancelar o "esforço concentrado" marcado para a primeira semana de setembro. Assim, Vargas deve ganhar mais tempo para evitar que o processo por quebra de decoro parlamentar siga adiante nas próximas semanas. "Não acredito que terá quórum necessário para votar (a cassação) em setembro", disse Alves ao Broadcast Político.
O peemedebista também acha difícil prever se o deputado conseguirá concluir seu mandato. "Não saberia dizer. Mas cumprirei meu dever", afirmou Alves, sinalizando que vai levar o assunto ao plenário da Casa assim que o relatório do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) passar pelo Conselho.
A defesa de Vargas avalia recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) das decisões tomadas pelo colegiado. O ex-petista é acusado de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal. O caso veio à tona após a descoberta de que Vargas utilizou avião emprestado pelo doleiro para viajar com a família.
"(Politicamente) estou pagando muito caro, muito caro. Estou pagando o preço de cabeça erguida e entendo que não há quebra de decoro nem mesmo crime, não há ilegalidade. De tudo o que aconteceu até agora o que resta é o voo", desabafou o ex-petista em entrevista ao Broadcast Político na semana passada.
Fora do PT, Vargas não pode se candidatar à reeleição. "Quero terminar meu mandato com serenidade", declarou Vargas na ocasião.